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Cais Palafítico da Carrasqueira – Um dos Maiores do Mundo

Cais Palafítico da Carrasqueira – Um dos Maiores do Mundo

Não, não precisa apanhar um avião para se deslocar até à Indonésia. O cais palafítico da aldeia da Carrasqueira, não só é o maior da Europa, como é bem português!
Com um pouco de sorte, e se para ali se decidir a rumar, talvez por lá encontre o Mestre Alexandre.

 

O nosso dia de aventuras, começou como muitos outros em que coloco o desafio à Sofia – e chateio o Hugo, para se desligar dos virtuais. A questão familiar levantada, é que estava muito frio, nevoeiro e pouco tempo para navegar para longe. Então, lembrei-me de os desafiar para contornarmos a Reserva Natural do Estuário do Sado. Já conhecíamos alguns pontos com muito interesse, mas nunca foi nada devidamente aprofundado. Chegou-me à imaginação de o fazer em Kayak, mas faltou-me a ousadia de os desafiar porque sei que desta vez, queriam algo mais suave!

Com tanto nevoeiro no horizonte e efectivamente muito frio, rumámos então, até uma aldeia piscatória, cuja história se perde no tempo.

Estrada fora, saímos na zona de Alcácer em direcção à Comporta. Sempre com o Sado à direita e já quase no final da estrada, encontra-se a placa da Carrasqueira. Uma pequena aldeia que tantos eventuais empreendedores, tentaram explorar com fins turísticos, mas que, creio que felizmente, se manteve parada no tempo como que um antigo e belíssimo quadro que nunca nos cansamos de olhar! Não é uma aldeia monumental de referência, mas sim uma aldeia piscatória, que de tão simples e pacata, mantém uma grande originalidade com as suas antigas e restauradas casas de colmo.
Por ali, como em muitas aldeias recônditas, o tempo corre devagar, sem pressas. Um tempo em que se saboreia o tempo que passa. Um local onde os momentos têm prioridade.

 

A barriga já dava horas e naquele dia, à semelhança de tantos outros, o apetite estava virado para se experimentar um prato local, e sendo uma aldeia piscatória, decidimo-nos então pelo Retiro do Pescador, ou como por ali é conhecido, O Caldeiradas; nome como era apelidado o seu fundador!
Ao entrar, fomos contemplados com uma esplanada com uma salamandra acesa, rodeada de gentes locais. Que bem que se estava! Por ali, e ao contrário de algumas praias das imediações, ainda não se assiste a um desfilar de roupas de marca, mas antes a um envergar de roupas marcadas pelo trabalho. Trabalho da pesca que dá lugar a momentos de pausa, onde uma cerveja na mão ou um bagaço, aquecem uma boa conversa de convívio e se narra a pescaria do dia de cada um.
A sala encontrava-se com alguns casais de outras paragens; franceses e espanhóis. À nossa mesa, veio dar-nos atenção a simpática Dona Sílvia, que é proprietária do espaço, juntamente com seus irmãos e pais. Aconselhou-nos o arroz de marisco e para beber, decidimos experimentar um jarro de Branco da casa de um produtor da região de Azeitão. E que excelente escolha que apurou ainda mais o apetite!
O melhor estava para vir … bem quentinho e acabado de fazer, chegou ao centro da mesa, servido num tacho antigo, um divinal arroz de marisco com sabor de mar!

 

De barriga cheia, fomos então em direcção ao porto de pesca da aldeia, o cais palafítico da Carrasqueira.

Este extenso e peculiar cais, terá sido levantado por pescadores da aldeia, entre os anos de 1950 a 1960, acabando por se tornar no mais extenso da Europa e num dos maiores do mundo.

Mas nada como ouvir em primeira mão por quem sabe! Foi assim que travámos conhecimento com o Mestre Alexandre. Subimos a bordo e, quando começámos a nossa conversa, o barco do Mestre estava assente no lodo pelo vazar da maré, mas após uma boa conversa que se impunha, acabámos por sair de lá com o barco a flutuar!
O Mestre sempre simpático, foi-nos explicando que o cais já existia no tempo dos seus Pais e que aqueles lhe disseram que os avós deles já falavam do cais erguido em palafitas de madeira que suportam as pequenas casas de arrumos e os percursos de largas dezenas de metros, mar adentro.
Com orgulho, descreveu-nos um pouco da sua vida de pesca e como fotos com o seu rosto e nome, já devem ter dado a volta ao mundo. No seu barco, ainda há pouco tempo foi filmado uma parte do filme Peregrinação. Por ali também tem sido solicitado por famosos actores e actrizes estrangeiras bem como modelos e fotógrafos. Foi com um sorriso que nos revelou que dentro do seu barco e na sua cabana, já muitas modelos tiraram as roupas!

 

No final, não nos poderíamos despedir sem trazer um pouco da sua jornada … três quilos de belas ostras do Sado, voltaram connosco!

O Mestre convidou-nos a voltar, explicando que a melhor altura é em Maio, para irmos com ele à pesca do Choco, Robalo, Corvinas ou Ameijoas, e que pelo meio, podemos avistar as populações de flamingos e inúmeras ilhas do estuário como a do Cavalo e uma lenda de uma velha ilha …

Sem dúvida que iremos voltar à procura do Mestre Alexandre, descobrir o estuário do Sado e quem sabe, a lenda da Ilha de Álcala. 

 

📸 Carrasqueira – Um dos Maiores Cais Palafíticos do Mundo.

 

🕵️‍♂️ Dicas de aventureiro:

🕍 O que visitar:

Para além do deslumbrante cais palafítico e da pequena aldeia da Carrasqueira, não deixe de percorrer toda a linha costeira que vai desde Troia às belíssimas lagoas de Melides e de Santo André. Deslumbre-se com as praias de Troia, Comporta, Carvalhal e do Pêgo e aproveite para dar um passeio a cavalo, uma das actividades locais que pode usufruir, através da empresa Cavalos na Areia.

Se escolher a nossa opção para almoçar no simpático restaurante do Retiro do Pescador, aconselhamos a se deliciar com o arroz de marisco, mas quando o tacho vier para a mesa, dê-lhe uns 5 a 10 minutos, para apurar e ficar mesmo no ponto.

Uma boa opção de alojamento familiar ou em grupo, são as típicas casa em colmo, como é o caso da Cabana da Comporta.

🗺 Como chegar:

🌍 »  Aldeia da Carrasqueira

🛏 Onde ficar:

🏨 Alojamento » Cabana da Comporta

🍲 Onde comer:

Restaurante » O Retiro do Pescador

 

 

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