No nosso terceiro dia nas Astúrias, decidimo-nos por estacionar mais uma vez a Rodinhas e empreendermos viagem de autocarro. Sem saber, escolhemos a opção mais acertada, visto que para onde nos dirigimos, o acesso não é permitido a viaturas particulares, ficando reservado para uns muito confortáveis autocarros dos quais destaco o elevado profissionalismo dos seus motoristas numa viagem somente assemelhada a uma espécie de safari de montanha.
Estamos a caminho dos lagos glaciares de Ercina e Enol.
Numa estrada de curvas muito sinuosas, começamos a nossa ascensão com direito a pelo caminho, além da deslumbrante paisagem; um desfilar de vacas, cabras e ovelhas!
Muitos destes animais, passeiam-se na estrada, ficando absolutamente indiferentes aos autocarros. São inúmeras as vezes, que temos que parar, à espera que bovinos e caprinos, se decidissem a nos deixar seguir viagem. O mais insólito, é vê-los a esfregarem-se nos pneus dos autocarros, enquanto outros se mantêm deitados!
Já quase no topo, trocamos os autocarros por carrinhas de tração às 4 rodas para alcançarmos a última etapa. Estamos no lago de Ercina e o espectáculo, não poderia ser melhor! Para além de uma visão arrebatadora sobre estes lagos, existe um infindável número de pachorrentas vacas a pastar, quase indiferentes aos turistas que, como nós, tentam captar imagens ao seu lado.
O local é convidativo a passeios e à interpretação da natureza envolvente, existindo inclusivamente um centro didáctico.
Num trilho circular de cerca de 2 quilómetros, é possível visitar as minas museu a céu aberto e descobrir também o lago Enol.
Situados a mais de 1130 metros e com uma vista fascinante sobre as Astúrias, os lagos de Covadonga, são uma visita obrigatória!
Mas ainda havia por descobrir mais um ex-líbris desta etapa; desta vez, a origem de uma personalidade sobre a qual eu já ouvia falado, mas pouco conhecimento tinha.
Descemos até Covadonga ao encontro de Pelayo!
Estando toda a Península Ibérica e o sul de França sob o domínio do Império Muçulmano; foi Pelayo, um nobre Visigodo, que no ano cristão de 718, empreendeu o início de uma batalha contra Munuza, na altura, governador do califado das Astúrias.
Pelayo venceu esta primeira batalha, mas acabou por mais tarde, vir a ser preso pelos muçulmanos. Após se conseguir evadir do seu cárcere, refugiou-se nos montes da sua terra natal.
Em 722, já com algumas das suas tropas Asturianas reunidas, e em grande inferioridade numérica, deu início a nova batalha, derrotando e acabando por matar Munuza nas montanhas de Covadonga, terminando com apenas 10 soldados!
Foi então coroado Rei do Reino das Astúrias, como Dom Pelayo.
E foi aqui em Covadonga, mais propriamente na gruta do Monte Auseva, que foi erguida uma pequena capela de onde brota água, que dizem ser abençoada. Mais tarde e em forma de homenagem ao histórico local, momento e figura, foi ainda erguido um mosteiro e uma estátua ao nobre guerreiro, filho natural de Cangas de Onis – Astúrias.
Daqui partiu o movimento de revolta e conquista dos 8 reinos independentes de Hispânia, entre os quais, Portucale.
As Astúrias estiveram sob o domínio muçulmano, durante apenas sete anos, tornando-se assim num Reino independente e o primeiro da Península, durante vários séculos!
Gentes duras e resistentes, estas das serras …
Na minha humilde interpretação, Pelayo foi de certa forma, o primeiro Rei da Península Ibérica e o primeiro Rei de Espanha.
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Dicas de aventureiro:
Estacione a sua viatura, num dos muitos parques, colocados à disposição dos turistas. Apanhe um confortável autocarro, com bilhetes muito acessíveis, que pode adquirir em qualquer quiosque, junto aos estacionamentos. A viagem aos Lagos Glaciares a mais de 2000 metros de altitude, é absolutamente surpreendente. No regresso, saia no centro histórico de Covadonga e realize algumas tradições; tais como, beber água das sete fontes sagradas, visitar a Capela, o Mosteiro com o seu mármore cor-de-rosa e a estátua de Pelayo.
Por último, dê um pulo até Cangas de Onis e aprecie uma Sidra, a qual poderá ser acompanhada de uma boa Fabada … assim uma espécie de feijoada à transmontana das Astúrias!
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Esta crónica, faz parte de um Roteiro de Viagem, o qual poderá ler na íntegra, aqui:
»» Espanha – Rota dos Parques Naturais, Vilas e Aldeias Históricas.
2 Comments
Vou a covadonga, de excursão. Adorei o relato e a descrição histórica.
Obrigada
Muito obrigado!
Irá certamente adorar.