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Homem Livre – Zair, o Tuaregue

Homem Livre – Zair, o Tuaregue

¦ Homem Livre – zair, o Tuaregue ¦

 

Creio que sempre me correu no sangue, o desejo pela descoberta; uma alma de aventureiro ou um lado nómada, que me impulsiona a viajar em busca pelo desconhecido, pelo deslumbramento dos sentidos perante lugares e momentos. Tantos adjectivos que expressam um único sentimento, mas que pareciam não ter lugar numa só palavra ou expressão, que definisse esta minha forma de ser. 

Com um fascínio inexplicável por um deserto que nunca antes havia visitado, foi ali no Sáara, que encontrei o que tenho agora a certeza que, melhor me define!

 

Já estávamos no quinto dia desta nossa aventura. Sentado no cume de uma duna, deixei os meus pensamentos viajarem, à medida que os meus olhos captavam cada centímetro, daquele interminável mar de areia dourada.

A todo o redor, a simplicidade dos elementos, aliada à sua grandeza e ao absoluto silêncio, transformavam em majestoso, o momento e o lugar!

Um pouco afastado, aquele homem com um enorme turbante branco e vestido azul, repousava com os dromedários da caravana que nos levou até lá.

Não sei como explicar, mas tenho uma certeza; o olhar e, até talvez os pensamentos de todos nós, – pessoas e animais – naquele momento de rara beleza e tranquilidade, fixavam-se num único ponto: sobre o Sol que descia no horizonte!

Sentia-me cada vez mais intrigado por aqueles homens do deserto; o povo Berber! O mais antigo de África e um dos povos mais antigos do mundo, que mantêm uma tão simples forma de vida.

Apesar da inevitável barreira linguística, decidi aproximar-me e apresentar-me. De forma cordial e com uma mão sobre o coração, disse-me que se chamava Zair. E eu, tentando-me fazer entender, questionei-o um pouco sobre a sua forma de ser e as suas origens.

Explicou-me que já o seu Pai, era um pastor de cabras e dromedários, e que sempre viveram no deserto, sendo com ele que aprendeu tudo sobre aqueles animais e a sua forma de vida. 

Apontando para as dunas e seguidamente para o Sol e algumas estrelas que já se tornavam visíveis; fez-me compreender que tudo ao seu redor, naquele território … naquele horizonte sem barreiras, nem fim; seria o que melhor o definia! 

Entre gestos e palavras, perguntei-lhe se em Árabe, havia algum símbolo ou palavra que representasse o seu povo. Foi então que Zair se colocou de pé e disse “No Árabe, Berbere”. Num gesto de braços e pernas afastados, tentando-me explicar entre a língua Berbere, o espanhol e o inglês, disse-me … “Imuhagh …Tuaregue. Homem forte. Homem resistente”. Como se não satisfeito com a sua explicação à minha pergunta, voltou a sentar-se e ao seu lado, desenhou um símbolo e por fim repetiu-me … 

 

Tuaregue – Homem livre”.   

 

Esta expressão, ecoará para sempre na minha memória.

Esta história, é parte integrante de uma Rota de Viagem a Marrocos, que poderá ler na totalidade, aqui:

Marrocos – A viagem à essência de um povo.

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