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Marrocos – A Viagem à Essência de um Povo

Marrocos – A Viagem à Essência de um Povo

Marrocos - Viagem à Essência de um Povo - Rota das Cidades Imperiais- roteiro de 7 dias - Alma de Aventureiros - almadeaventureiros.pt

Marrocos – A Viagem à essência de um Povo. Uma das melhores formas de verdadeiramente, conhecer Marrocos, é através da Rota das Cidades Imperiais. Um roteiro, estrada fora, que durante 7 dias, não só nos levou a conhecer cidades que já foram capitais de um antigo e próspero império; como nos permitiu conhecer todo um país, com uma cultura e tradições riquíssimas, praticamente inalteradas ao longo de centenas de anos!

Neste artigo: Um breve RESUMO; a rota com NAVEGAÇÃO POR GPS; a CRÓNICA DE VIAGEM no DIÁRIO DE BORDO e no final, nas nossas DICAS DE AVENTUREIRO, saiba Como Ir – Onde Comer – Onde Ficar – O que Visitar e Como Reservar.  

 

◊ RESUMO.

  • Distância da rota 1 – Ferry e carro ou autocaravana: Aproximadamente 2000 Klmts (deverá acrescentar o seu local  de origem de partida e chegada ).
  • Distância da rota 2 – Avião, aluguer de carro e/ou guia: Aproximadamente 1500 Klmts.
  • Número de dias:
  • Número de etapas e locais visitados: 10

 

◊ NAVEGAÇÃO GPS: 

 

◊ CRÓNICA DE VIAGEM:

O DIÁRIO DE BORDO ⇓ 

 

Chamam-lhe a Rota das Cidades Imperiais, mas logo ao segundo dia neste território e à medida que me afastava das zonas mais modernizadas e me embrenhava pelos centros históricos, rapidamente percebi que, esta aventura iria ser muito mais do que uma mera viagem, para conhecer monumentos e descobrir paisagens!

Sobre Marrocos, tinha algumas ideias muito generalizadas, e de pesquisas, pouco havia feito. Do que sabia, tinha a ideia de que se tratava de um território muito árido, com imensa areia do deserto e que o seu povo era Muçulmano.

 

Tenho agora uma certeza; afinal nada sabia!

 

Esta foi sem dúvida uma viagem à essência de um povo. A essência do povo Berbere e de todos os seus descendentes.

Esta foi acima de tudo, a viagem à vida das pessoas.

 

Como é hábito nestes últimos tempos, eu e a Sofia organizamos duas viagens por ano. Sendo uma organizada por mim e outra por ela, calhando desta vez à Sofia a escolha de uma aventura. Assim, deixei-me levar por completo, à confiança da sua eleição. Até porque esta era uma daquelas da minha lista de “10 coisas a fazer pelo menos uma vez na vida”, com que mais uma vez a Sofia, decidiu presentear-me; dormir sob um manto de estrelas no deserto do Sáara e ver o seu pôr e nascer do Sol.

Por norma, para onde quer que vá, vou de coração aberto, pois há muito que aprendi que um sorriso e um aperto de mão, são quase sempre ingredientes, que ultrapassam qualquer barreira de toda a natureza.

Parti então rumo à aventura. Na minha “mala”, levo sempre comigo um espírito ávido de conhecimentos, pois para mim, a melhor forma de conhecimento, é aquela que é directa; vivida na primeira pessoa em toda a plenitude. Esse é o único e real conhecimento, que permite ir além de qualquer preconceito.

As expectativas eram altas, pois iria cumprir o meu sonho de dormir no deserto, mas estava completamente longe de imaginar, que esta se pudesse tornar a melhor viagem da minha vida!

Quero então convidar-vos, a virem comigo conhecer um pouco a essência de pessoas com quem eu convivi e que ficarão para sempre no meu coração; aqui descritas por palavras e numa selecção muito difícil, do que considerei serem as melhores imagens. 

 

 

Escrevo estas palavras e tento descrever esta aventura; contudo o sentimento de emoção é de tal forma que, agora que já parti, chega-me uma saudade recente que me faz arrepiar. Não sei se é a idade que nos vai deixando mais lamechas … ou tão-somente, por à medida que os anos passam, dar mais valor às pequenas e simples coisas da vida!

Mais do que um país, descobri um povo de sorriso aberto e com uma cultura riquíssima, tanto do passado como actual, que fala de si e dos seus antepassados com um orgulho admirável nas suas raízes e tradições. Mas também que as vive, fazendo-as perdurar no tempo, tentando manter de forma muito sábia, um equilíbrio entre os avanços de um mundo moderno e o respeito pelo passado.

Um povo de grandes artesãos, onde vincadamente as tradições seculares do comercio ainda perduram, mas também do grande comercio moderno e industria.

Por todo o lado, são exibidas orgulhosas bandeiras da sua nação, sendo também visível, escrito em muitas montanhas, os dizeres “Deus – Pátria – Rei”.

Tendo como família reinante a Dinastia Alauita desde há vários séculos, Marrocos encontra-se actualmente com uma Monarquia constitucional muito moderna, implementada pelo seu Soberano e muito estimado do povo, o Rei Mohammed VI.

Marrocos é um país com um território imensurável, onde em viagem, nos podemos deparar com as quatro estações do ano, quase em simultâneo!

Percorrendo ao redor da grande cordilheira do gigantesco Atlas, encontramos de tudo um pouco: o frio, a neve, o gelo da imponente formação rochosa e o calor de um singular deserto de areias ruivas sem fim, que pode alterar entre o silêncio profundo e uma tempestade ruidosamente intensa.

Seguindo a milenar rota comercial das antigas caravanas de dromedários, trilhadas pelo povo Berbere, passamos por deslumbrantes Oásis onde há muito se fundaram cidades de enormes e infindáveis muralhas, que parecem agora retiradas de um conto de mil e uma noites ou do mais belo do nosso imaginário. 

Entre os inúmeros locais classificados como património da humanidade pela UNESCO, encontramos Kasbah’s de palácios de rara beleza, com jardins bem cuidados, repletos de laranjas. Mesquitas monumentais e a arte milenar de peças únicas talhadas à mão por talentosos artesãos, tais como azulejos, tapeçarias e curtumes. 

Entre as Medinas de ruas do mais estreito que se possa imaginar, consegue-se reviver o passado de Alfama e da Mouraria, da nossa Lisboa antiga.  

Encontramos também enormes cidades repletas de um rebuliço comum a qualquer grande capital do ocidente, onde o avanço dos tempos, parece querer substituir um tempo, onde tudo decorria com vagar. Onde o comércio da globalização e o das novas grandes superfícies, parece querer ocupar cada vez mais espaço.

Ainda assim, o povo Marroquino e de forma muito sábia, parece estar a conseguir perpetuar e manter o equilíbrio entre o moderno e os valores riquíssimos do seu passado!

Foi neste país multi-cultural, que descobrimos toda a sua abertura e respeito, tanto na forma religiosa como no equilíbrio mutuo nas formas de pensar e nas vivências de cada individuo.

Marrocos foi uma surpresa e um deslumbramento em todos os sentidos, onde descobri o meu passado, vivi e compreendi como nunca antes em qualquer livro de história, que efectivamente toda a Península Ibérica e inevitavelmente o Portugal, estão ligados àquele país.

Como que numa espécie de cordão umbilical, Marrocos e Portugal serão sempre do mesmo sangue; porque num sobe e desce comercial, entre avanços e recuos, conquistas e reconquistas; ambas as culturas estarão para sempre e inevitavelmente ligadas. Se é um facto que a cultura Lusa, influenciou e marcou o norte de África, é igualmente verdade que as tradições, usos, costumes, cultura, artesanato e ciências com origem no povo Berbere; influenciaram e marcaram para sempre, a nossa forma de ser.

Afinal, há que não esquecer que este povo, foi um Império que se espalhou pelo norte de África e a quase totalidade da Península Ibérica, mais concretamente em Al – Andaluz (Andaluzia), durante mais de 700 anos.

Quem para ali viaja de coração aberto, rapidamente se apercebe desta intrínseca relação. Os traços bem presentes na composição da nossa língua, as musicas que deram origem ou que influenciaram o nosso fado, técnicas de aproveitamento e de canalização das águas, traços arquitectónicos, ciência, a numeração e muito mais.  

 

 

Creio que sempre me correu no sangue, o desejo pela descoberta; uma alma de aventureiro ou um lado nómada, que me impulsiona a viajar em busca pelo desconhecido, pelo deslumbramento dos sentidos perante lugares e momentos. Tantos adjectivos que expressam um único sentimento, mas que pareciam não ter lugar numa só palavra ou expressão, que definisse esta minha forma de ser. 

Com um fascínio inexplicável por um deserto que nunca antes havia visitado, foi ali no Sáara, que encontrei o que tenho agora a certeza, que melhor me define!

 

Já estávamos no quinto dia desta nossa aventura. Sentado no cume de uma duna, deixei os meus pensamentos viajarem, à medida que os meus olhos captavam cada centímetro, daquele interminável mar de areia dourada.

A todo o redor, a simplicidade dos elementos, aliada à sua grandeza e ao absoluto silêncio, transformavam em majestoso, o momento e o lugar!

Um pouco afastado, aquele homem com um enorme turbante branco e vestido azul, repousava com os dromedários da caravana que nos levou até lá.

Não sei como explicar, mas tenho uma certeza; o olhar e, até talvez os pensamentos de todos nós, – pessoas e animais – naquele momento de rara beleza e tranquilidade, fixavam-se num único ponto: sobre o Sol que descia no horizonte!

Sentia-me cada vez mais intrigado por aqueles homens do deserto; o povo Berber! O mais antigo de África e um dos povos mais antigos do mundo, que mantêm uma tão simples forma de vida.

Apesar da inevitável barreira linguística, decidi aproximar-me e apresentar-me. De forma cordial e com uma mão sobre o coração, disse-me que se chamava Zair. E eu, tentando-me fazer entender, questionei-o um pouco sobre a sua forma de ser e as suas origens.

Explicou-me que já o seu Pai, era um pastor de cabras e dromedários, e que sempre viveram no deserto, sendo com ele que aprendeu tudo sobre aqueles animais e a sua forma de vida. 

Apontando para as dunas e seguidamente para o Sol e algumas estrelas que já se tornavam visíveis; fez-me compreender que tudo ao seu redor, naquele território … naquele horizonte sem barreiras, nem fim; seria o que melhor o definia! 

Entre gestos e palavras, perguntei-lhe se em Árabe, havia algum símbolo ou palavra que representasse o seu povo. Foi então que Zair se colocou de pé e disse “No Árabe, Berbere”. Num gesto de braços e pernas afastados, tentando-me explicar entre a língua Berbere, o espanhol e o inglês, disse-me … “Imuhagh …Tuaregue. Homem forte. Homem resistente”. Como se não satisfeito com a sua explicação à minha pergunta, voltou a sentar-se e ao seu lado, desenhou um símbolo e por fim repetiu-me … 

 

Tuaregue – Homem livre”.   

 

Esta expressão, ecoará para sempre na minha memória.

 

 

  • 1º DIA – MARRAQUEXE

É uma das 4 cidades Imperiais, sendo a quarta maior e conhecida como a porta do sul ou cidade vermelha, devido à tonalidade dos seus edifícios e muralhas.

Os Jardins de Menára com o seu pavilhão e reservatório de água, foram construídos no século XVI e renovados por um Sultão, que ali se costumava deslocar para repousar e de onde podia admirar os olivais, pomares, hortas e a toda a plenitude da sua Cidade. Ao longe e em linha recta, é possível observar a enorme torre da Mesquita de Koutoubia. 

Entrando na Almedina de Marraquexe, é praticamente impossível não visualizar logo a Praça Jemaa El Fna. Talvez a mais movimentada de toda a África, esta praça é onde tudo acontece. Desde de comerciantes a encantadores de serpentes, acrobatas, mágicos, místicos, músicos, domadores de macacos e ervanários. 

No magnifico Palácio da Baía, todo decorado com madeiras de Cedro e estuques, encontramos inscrito em azulejos ou “zellij” em todas as paredes das suas infindáveis salas e quartos e de forma repetida, quase sem fim, os dizeres “Baía“, “Baía” …  que significa Linda. Uma homenagem do seu apaixonado proprietário, à sua linda esposa. Pergunto-me se o que conhecemos por Baías, não advirá do facto destas, por norma, serem locais lindíssimos! ?   

 

 

  • 2º DIA – CASABLANCA

A maior cidade de Marrocos, que é também conhecida pela capital económica. Esta é uma cidade cujo nome tem origem no português, Casa Branca, que mais tarde foi alterado pelos espanhóis.

Eu, como grande admirador dos filmes do tempo do preto e branco, e tendo como referência maior, o imortal actor Humphrey Bogart; já estava preparado para ali realizar mais um dos meus sonhos. Visitar o famoso bar Rick’s Café, onde decorreu grande parte da acção do inesquecível filme Casablanca … 

Que decepção! Senti-me como um miúdo que acabou de sofrer um enorme desgosto … foi preciso estar nesta cidadepara perceber que afinal, aquele filme foi todo rodado em estúdios de Hollywood.

O café que lá existe, é uma somente uma fiel recriação de alguns empresários em homenagem ao filme e à Cidade.  

Mas muito estava ainda por descobrir. Afinal, estava em Casablanca!

Na Praça Mohamed V, dei por mim a voltar a 1975 e a imaginar o discurso daquele Rei, que deu origem à grande marcha ou caravana de milhares de pessoas em direcção ao Sáara Ocidental com o intuito de povoar o mesmo pelo povo marroquino.  

Não podíamos sair da Casablanca sem antes visitar e admirar um dos maiores templos religiosos do mundo; a Mesquita Assam II. Com majestosas colunas e portas, tendo sido elaborada com materiais como o mármore, nobres madeiras e azulejos, este templo encontra-se assente metade em terra e metade no mar. 

 

 

  • RABAT

Na Capital, visitámos o Palácio Real, o Mausoleu de Mohamed V e a Kasba de Oudaya.

Logo à entrada das ruínas, a Sofia foi contemplada com uma habitual e quase inevitável pintura das mãos, por parte de algumas raparigas que vêm ao encontro dos turistas.

De fora da Kasbah amuralhada de Oudaya, não é possível imaginar as suas inúmeras ruas e casas, todas pintadas de azul. A paragem na esplanada para um chá de menta com vista sobre o porto da cidade, é indispensável.  

 

 

  • MEKNÉS

Sendo esta mais uma das Cidades Imperiais, é também a “capital” do vinho e do azeite, devido à grande abundância de plantações de Oliveiras, vinhas e outras culturas naquela região.

Por ali, passamos pelas monumentais portas de Bab Khemis e Bab El Mansour, as maiores de toda a África, que fazem parte de uma muralha de vários quilómetros e com mais de sete metros de altura.

 

 

  • 3º DIA – FEZ.

Cidade berço da esposa do actual rei de Marrocos, Fez tem logo à entrada, as suas 7 portas douradas do Palácio Real. Esta obra fantasticamente esculpida em nobres madeiras e pintada com cores obtidas através de plantas naturais, foi oferecida à família Real, representando as portas do céu. 

Foi aqui nesta cidade que foi edificada a mais antiga universidade do Mundo.

Ao longo das grandes muralhas, é possível observar o antigo bairro judeu, com as suas típicas varandas.

Entrando pela porta Bab El Jeloud acedemos a mais um património da humanidade; a Medina de Fez.

Entrar nesta medina, é como visitar um museu vivo. Só que não se trata de um museu, porque ali o passado é presente. Recuamos no tempo, porque nada nos costumes e vivências dos seus habitantes foi alterado. 

Nas suas ruas labirínticas, encontramos uma Cidade dentro de uma cidade, onde há absolutamente tudo o que se possa imaginar. Templos, escolas, restaurantes, oficinas, artesanato e brilhantes artesãos que passam um saber de gerações de forma genuína e orgulhosa, aos mais novos.

Como nas suas estreitas ruas, seria impossível passar o mais pequeno dos actuais carros, os habitantes usam burros e cavalos para deslocar algumas das sua mercadorias.

Numa mistura de cheiros quase indecifráveis, percorremos entre muitas outras, a mais estreita rua que algum dia poderia imaginar, para logo a seguir e após passarmos uma pequeníssima porta, entrarmos num autentico palácio, que agora é utilizado como um sumptuoso restaurante.

 

 

  • 4º DIA – IFRANE.   

Conhecida como a Suiça de Marrocos e situada a mais de 1700 metros de altitude nas montanhas do Médio Atlas, esta Cidade foi fundada durante o protectorado francês como estância alpina.

De facto, é notável a sua semelhança com uma qualquer cidade da Suiça, pois tem um aspecto notavelmente europeu. 

 

  • MIDELT.

A caminho de Midelt já rumo ao almoço, começamos a avistar os primeiros Oásis.

Das montanhas, fomos surpreendidos com uma “investida” de crianças Bérberes que nos presentearam com pequenos Dromedários, feitos por eles em folhas de palmeiras.

O almoço não podia ser melhor e em melhor local. Um típico e muito bem confeccionado Cus-cus, bem no meio de um Oásis!

 

 

  • ERFOUR – As portas do Deserto.

Foi nesta nesta Cidade situada às portas do deserto do Sáara e berço da Dinastia Alaouita, que nos mudámos para as viaturas de todo o terreno, para darmos inicio ao meu grande sonho.

Até podia dizer que este foi o ponto alto da nossa grande aventura mas, depois de todos os locais que percorremos e perante o contacto com este povo, tornou-se impossível classificar um ou outro local como de eleição.

Ainda assim, o grande deserto tinha sido o mote desta viagem, pelo que estávamos todos bastante empolgados com esta nova etapa.

Após longos quilómetros de extensas estradas e num sobe e desce frenético de dunas, começamos a avistar os primeiros Dromedários. Muitos andam simplesmente por ali, sem ninguém, num estado quase selvagem! 

À medida que nos embrenhamos deserto dentro, começamos ao longe a avistar pequenos acampamentos de Tuaregues e diversas caravanas com aqueles tão característicos animais.

Somos recebidos por uma tribo que ultimava os preparativos para nos receber.

Não sei de quem foi maior o espanto, se do Hugo ou dos Tuaregues que nos receberam, pois acho que nunca tinham visto um rapazito com um cabelão tão grande como o Hugo. Olhando para ele, riram-se, passaram-lhe a mão pelo cabelo e disseram … “Rastá“, referindo uma espécie de semelhança ao Bob Marley.

De sorriso aberto e de forma muito simpática, fomos calorosamente acolhidos, tendo-se logo após, seguido para a nossa caravana que já nos aguardava no cimo de uma duna.

Deserto dentro e duna após duna, acabamos por parar numa das mais altas das proximidades do acampamento. Confesso que para além da surpreendente marcha no alto de um Dromedário, todo o espectáculo ao nosso redor, nos deixou num silêncio como que numa espécie de quem quer absorver cada momento. Estávamos simplesmente deslumbrados!

Aquela imensidão de “mar” de finíssima areia  com tonalidades que alteram entre o ruivo e o dourado, serão para mim e certamente para todo o nosso grupo, um espectáculo da natureza, que nunca mais será esquecido.

O Hugo então, não podia nele de tanta alegria. Rebulamos vezes sem conta duna abaixo sem ele revelar nenhum sinal de cansaço … ” … Pai, embora lá outra vez?! …”

Sei que aquele Sol é o mesmo Sol que vemos em Portugal ou em qualquer outra parte do mundo, porém, naquele local, parecia completamente novo! Para mim, sem qualquer sombra de duvida, foi como se fosse a primeira vez na minha vida, que estivesse a assistir a um pôr do Sol.   

No horizonte, já só restava um intenso laranja dourado, que aos poucos dava lugar a um azul turquesa estrelado. Estava na hora de regressar ao acampamento onde nos esperava mais um ritual do chá que antecede o jantar. 

Depois de um cus-cus à boa moda Tuaregue e com uma inquietude quase digna de uma criança, chamo a Sofia e o Hugo. Afasta-mo-nos um pouco e começa o segundo espectáculo da natureza. Sobre nós, um Universo de estrelas sem fim! Deitados sobre uma manta, por ali nos perdemos a observar o céu. 

Subitamente, os nossos amigos Tuaregues, começam a acender uma enorme fogueira no sopé da duna, ao mesmo tempo que convidavam todo o grupo para dançar ao som dos seus tambores. Memorável.   

Esperava-nos então o terceiro espectáculo que a Mãe natureza tinha para nos presentear. O nascer do Sol no deserto do Sáara. Que mais posso dizer?!

 

 

  • 5º DIA – TINERHIR- OUARZAZATE.

Em direcção a Ouarzazate, percorremos agora um caminho, que segue lateral ao rio que nasce nos glaciares do Atlas e desaparece no deserto; o Todra.

O rio esculpiu um enorme vale por entre um planalto a mais de 1.100 metros de altitude, onde de ambos os lados, vamos encontrado diversos Oásis, até nos depararmos com o maior de todos eles; o fantástico Oásis de Tinerhir.

Com um palmeiral a perder de vista, é nesta cidade que podemos encontrar agricultura de tâmaras e também de oliveiras.  

No final do percurso, acedemos então como que a uma espécie de nascente do rio, em forma de cascata; a muito alta Garganta de Todra.

À medida que nos deslocamos para Ouarzazate, a todo ao nosso redor, é possível vislumbrar cenários geográficos que forneceram inspiração a filmes como “Missão Impossível”, “O Legionário”, “Gladiador”, o inesquecível “Lourenço da Arábia” e tantos outros. 

 

 

  • 6º DIA – PELA ROTA DAS MIL KASBÁHS ATÉ MARRAQUEXE.

Deixando o Todra para trás, damos então inicio a este percurso trilhado pelo povo Berbere desde à milhares de anos, desde as portas do deserto até Marraquexe.

Impunha-se mais uma paragem. Desta feita para visitarmos a Kasbah de Ait Ben Haddou. 

Património da humanidade, é uma antiga cidade milenar que ainda se mantêm exactamente como foi criada! 

No meio dos seus já poucos habitantes, é possível encontrar fantásticos artesãos como o senhor Assan com as suas impressionantes pinturas com chás.

Para trás, ficavam pessoas incríveis que conhecemos, como o senhor Ozram com quem tomei um café; o pequeno Ibraím que presenteou o Hugo com um dromedário feito por si e por último, lá bem no cimo da mais alta cordilheira de África, o senhor Omar, a quem eu regateei um casaco em lã de dromedário.   

Como se fossem só estas! Afinal, todo o povo marroquino … dizer que são de uma afabilidade fantástica, é dizer muito pouco.

 

 

  • 7º DIA – A DESPEDIDA.

Sabendo que este era o dia em que nos iríamos despedir de pessoas que passaram a ser nossos Amigos e também por ser o último da rota; fui invadido por uma estranha sensação. Um misto de melancolia e saudade antecipada.

Entre o que deixei e o que levo comigo … diversas certezas; uma parte de mim, ficará para sempre ligada a este País! No meu coração, levo muito mais do que uma aventura, tendo sido mais o que recebi, do que tive para oferecer. Acima de tudo, o que me ofereceram foi a cultura, a generosidade, a simplicidade e a amabilidade de um povo verdadeiramente fantástico.

Com muitas recordações por contar, que me ficarão para sempre gravadas na memória; só posso agradecer por tudo.

Pela forma como fomos recebidos, obrigado ao nosso fantástico, sempre divertido e muito profissional guia; Naoufal Sebti (Nano) e ao seu incansável motorista. Obrigado ao líder do grupo Tuareg o Sr. Azir e aos restantes Tuaregues; obrigado ao Sr. Ozram; obrigado ao pequeno Ibraím; obrigado ao artesão de Ksa Ait-Ben-Haddou, o Sr. Hassan e a tantos outros artesãos anónimos; obrigado a todos os anónimos. Obrigado a todos.

Um obrigado em especial aos nossos familiares Patrícia e Pedro que além de uma excelente companhia, me fizeram a surpresa de me oferecer uma estatueta de um Tuaregue, que agora faz parte da decoração da minha sala.

Obrigado ao meu pequeno aventureiro, o Hugo que daqui para a frente será o nosso “Rastá”.

Um obrigado muito particular à minha esposa (ama e senhora pois ela gosta que eu lhe diga isto) … agora a sério Sofia … Muito, mas mesmo muito obrigado por esta aventura e acima de tudo, pela outra; a maior de todas, que tem sido a de caminhar ao teu lado e dos nossos homens.

Por fim, e como em todos os locais onde entrámos fomos sempre recebidos com um gesto com a mão no coração, uma vénia e um Salam (bem vindo, paz, paz para ti, que venhas em paz); quero dizer:

Salaam Aleikum … Muitíssimo OBRIGADO MARROCOS.

 

 

DICAS DE AVENTUREIRO.

 

Escolhemos a melhor relação qualidade – preço, baseado na nossa experiência e/ou pesquisa. Ao reservar através das nossas ligações, não paga mais por isso e nós obtemos um contributo dos parceiros afiliados, conseguindo assim dar continuidade à existência deste Blogue.

 

Viajar até Marrocos, é como viajar no tempo, para o interior de uma das culturas e vivências ancestrais, mais bem preservadas a que já assisti! Para quem procura conhecer uma cultura diferente da europeia e sem ter que viajar para muito longe, Marrocos é a melhor opção, pois está somente, a pouco mais de 1 hora de avião e a 12 horas de carro!

Para além de ser um país muito seguro e com um povo, extremamente afável e acolhedor, viajar dentro de Marrocos é muito fácil, uma vez que dispõe de praticamente todas as comodidades que encontra na Europa.

Existem inúmeras ligações de avião para Marraquexe e Casablanca, bem como, muitas mais, através de Ferry.  Levar o seu carro, autocaravana ou alugar e percorrer o país estrada fora, pode-se revelar uma excelente opção. No entanto, aconselho ainda que, considere a opção de contratar um guia local. Porquê? Foi a primeira vez que optámos por conhecer um país, com recurso a um guia local e foi de facto o melhor que pode riamos ter feito; pois ficámos com um conhecimento cultural muito mais profundo, e foi muito mais fácil as deslocações e o entendimento, através dos diversos locais. Existem diversas agências, que organizam viagens de pequenos grupos, onde é possível negociar um pouco o preço!

Quando planeie esta rota, tentei privilegiar um roteiro cultural, que nos permitisse conhecer alguns dos locais mais icónicos de Marrocos; daí a escolha pela Rota das 4 cidades, que já foram capitais do antigo império marroquino, entre outros locais históricos. Paralelamente, impunha-se percorrer estradas, que nos conduzissem através do grande Atlas, passando por Oásis e terminando no grande deserto.

Aconselho a visitarem Marrocos, entre os meses de Abril a Junho, uma vez que irão, certamente, encontrar as temperaturas mais agradáveis. 

 

Obs.: Os Valores a seguir apresentados, são relativos a Abril de 2018 e são uma estimativa média, para um casal com uma criança. 

 

  • Total de despesas da rota 1 – Ferry e carro/autocaravana: (entre combustível, alimentação, estadias e actividades) – Aproximadamente 1300 euros.
  • Total de despesas da rota 2 – Avião, aluguer de carro e/ou guia:

⇒ Em meia pensão com guia e transporte: Aproximadamente 1900 euros.

⇒ Em regime livre com aluguer de viatura, alojamento e alimentação: Aproximadamente 1400 euros.

 

  • COMO IR:

✈ RESERVAR AVIÃO Lisboa – Marraquexe

🚗 RESERVAR VIATURA  Aluguer de viatura em Marraquexe

⛵ RESERVAR TRAVESSIA DE FERRY Travessia de Ferry

 

EM MARRAQUEXE.

∇ Onde comer:

La Cantine des Gazelles

∇ Onde ficar:

Em Hotel ou Alojamento local:

Hotel Oudaya

Em Autocaravana:

Um excelente local com com guarda-vigilância, no centro de Marraquexe e próximo da Praça Jemal. Todos os indispensáveis serviços por aproximadamente 10 a 12 euros por noite: 

⇒ ASA Marrakech – park4night

 

EM FES.

∇ Onde comer:

Restaurant Ryad Nejjarine

∇ Onde ficar:

Em Hotel ou Alojamento local:

Menzeh Zalagh 2 Boutique Hotel e Sky

Em Autocaravana:

Camping com funcionários muito simpáticos e prestáveis. Serviços disponíveis, são razoáveis; água e luz incluídos. 

⇒ Camping Fés -park4night

 

MIDELT:

∇ Onde comer:

Maison Vallé de Ziz

∇ Onde ficar:

Em Autocaravana:

Apesar de não ser uma área de assistência de autocaravanas comum, o local é disponibilizado para o feito e com muita simpatia, com acesso a diversos serviços:

⇒ Estacionamento com apoio – park4night

⇒ ASA – Midelt – park4night

 

ERFOUD.

∇ Onde comer e onde ficar :

Erfoud LeRiad

Em Autocaravana:

Aconselho a se deslocar até Merzouga, onde existem as mais variadas possibilidades de onde ficar com uma autocaravana! Desde parques ou áreas improvisadas, a parques de hotéis, que com muita simpatia, lhe prestam os serviços que solicitar. Nas portas do deserto, impera o espírito de aventura e do improviso! 

 

OUARZAZATE.

∇ Onde comer e onde ficar :

Riad Ouarzazate

Em Autocaravana:

⇒ Camping Tarmite – park4night

 

GARGANTA DE TODRA.

∇ Onde comer e onde ficar :

Dar Ayour Piscine

Em Autocaravana:

⇒ Camping Tinghir – park4night

 

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Pretende ver a sua região ou o seu negócio, retratado numa das nossas crónicas?

Para as entidades públicas ou privadas, teremos todo o gosto em avaliar a sua proposta e de forma isenta, criar e promover um conteúdo original.

Pretende elaborar um roteiro de viagem à sua medida ou procura um guia que o possa acompanhar e fornecer todo o apoio logístico?

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Contacte-nos: almadeaventureiroscorreio@gmail.com

 

alma-de-aventureiros-almadeaventureiros.pt Alma de Aventureiros

 

2 Comments

  1. Aqui é a Fernanda Lima , gostei muito do seu artigo tem
    muito conteúdo de valor parabéns nota 10 gostei muito.

    • AlmadeAventureiros.pt diz:

      Muitíssimo obrigado por tão simpáticas palavras! Efectivamente, Marrocos foi das viagens que mais me marcou … as suas gentes e cultura, foi uma experiência absolutamente surpreendente. Dormir em pleno deserto então … não há palavras.

      Neste momento, estamos a tentar melhorar a apresentação e o formato dos roteiros de viagem. Em breve, ficará um pouco melhor

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