A Rota dos Parques Naturais, Vilas e Aldeias Históricas de Espanha, é uma das mais fantásticas Road trip que já percorremos em autocaravana. Durante 30 dias, desfrutámos de um pleno contacto com a natureza e cultura do nosso país vizinho, onde conhecemos algumas das mais belas vilas e aldeias históricas de Espanha e também alguns dos seus mais emblemáticos e belos parques naturais.
Em Agosto de 2018, decidimos fazer as nossas férias na estrada …
Não era a primeira vez que iríamos fazer uma grande rota em autocaravana, pois há uns anos e como primeira experiência, alugámos uma. Contudo, com a nossa Rodinhas, seria a estreia e … literalmente a viver nela, durante 30 dias!
Tínhamos optado por aquele período do ano, mas a realidade, é que desde há muito tempo que já não era grande adepto de Agosto, pois como mês de eleição de muitas pessoas, pode-se revelar extremamente caótico para quem procura o almejado repouso e é, consecutivamente, mais encarecido.
Propus à Sofia e ao Hugo, que fossemos percorrer Espanha, fazendo questão de acrescentar que, desta vez, seria com mais calma.
Ainda assim, a família estava renitente, argumentando que já conheciam Espanha de uma ponta a outra …
Decidi apostar com eles que não só iria ser diferente – levando-os a locais onde nunca estiveram nem imaginaram – mas que também iriam adorar!
Após meses de ponderação e muita pesquisa, e sabendo que a opção de muitas pessoas, seria os destinos de praias, cheguei à conclusão que a melhor escolha, era partirmos à descoberta de alguns locais menos visitados … e quem sabe, apesar de menos conhecidos, nem por isso menos belos. Os caminhos menos percorridos, por vezes, simplesmente contemplam-nos com verdadeiras surpresas!
Mais do que uma excelente opção, esta aventura, viria a revelar-se como um dos melhores roteiros que já fizemos. Querem descobrir porquê?
Venham daí connosco.
🏞 ETAPA 1 – SERPA – Terra de Sabores, saberes e tradições.
Em jeito de despedida de Portugal, impunha-se esta primeira paragem: Serpa, com direito a um pouco do melhor que há no Alentejo.
Talvez seja algum poder das suas muralhas, quem sabe, capazes de reter a essência de um local! Sempre que volto a Serpa, sinto que é provavelmente aqui, que mais se sente o pulsar da alma alentejana.
Mundialmente reconhecida pelos seus excepcionais vinhos, esta Vila tem uma história riquíssima.
Conquistada aos mouros por Dom Afonso Henriques e perdida diversas vezes nas constantes lutas da reconquista, acabou por ser definitivamente constituída como concelho por Dom Dinis, que mandou reconstruir o seu castelo, bem como amuralhar o casario.
E foi precisamente, através da mais icónica entrada da muralha, que demos início ao nosso percurso, e à boa maneira das gentes do Alentejo … com calma … percorremos as suas ruas.
📸 Rota dos Parques Naturais, Vilas e Aldeias Históricas de Espanha.
🕵️♂️ Dicas de aventureiro:
🕍 O que visitar:
A Igreja de Santa Iria, a Torre do Relógio, o Palácio dos Condes de Ficalho, o Convento do Mosteirinho, as igrejas de Santa Maria e a de São Francisco, os Museu do Relógio e o Etnográfico e como não poderia deixar de ser, o Castelo com as suas imponentes muralhas e o lindíssimo Aqueduto.
Não poderíamos abandonar Serpa sem nos deliciarmos com alguns dos seus principais pitéus.
Um pouco de tasco em tasco, de loja em loja, em forma de degustação … fomos depenicando!
Considero imperdíveis as Migas, a Açorda, o Borrego à Pastora, a Sopa Fria de Tomate Pisado ou Lavadas, a Vinagrada, as Masmarras, o Grão com Alho e Louro, a Surra-burra, a Caldeirada de Peixe do Rio e os Espargos e por último, o tão afamado pão, o queijo e os seus vinhos.
🛏 Onde ficar:
🏨 Alojamento » Reservar em SERPA
🚍 Em autocaravana:
🅿️ » Zona de Estacionamento tranquila, sem assistência
🌄 » Camping Serpa
🍲 Onde comer:
Restaurante » Molha o Bico
🏞 ETAPA 2 – ARACENA – Uma Porta para a Andaluzia.
Distância Serpa a Aracena: 105 klmts.
Inserida no Parque Natural da Serrania de Aracena e Picos de Aroche, esta linda vila dos pueblos blancos, é uma porta que se abre num convite a visitar a Andaluzia. Um local onde sentados numa esplanada, não se dá pelo tempo passar.
Depois de atravessarmos o nosso Alentejo e quando se entra por esta região da Andaluzia, as diferenças que se encontram em termos de paisagem, não diferem muito; exceptuando-se é claro, alguma diferença nos campos agrícolas e em alguns casarios, mas mesmo estes, são predominantemente brancos, ou não estivéssemos nós por caminhos Andaluzos.
Confesso que Aracena, não era daqueles locais por onde estivéssemos a pensar dedicar muito tempo nesta nossa viagem, porém, foi uma autêntica surpresa! Apesar de estarmos tão próximos de Portugal e das muitas semelhanças com as vilas e aldeias do Alentejo, logo aqui, fazem-se sentir já alguns traços de arquitetura muçulmana da outrora região de Al-Andaluz, que não são tão evidentes do outro lado da fronteira.
Aracena tem um ritmo calmo, mas muito animado, pois apesar do calor intenso que se fazia sentir, o motivo parece ser convidativo a que as suas gentes saiam para a rua, à procura das sombras das muitas esplanadas – sobretudo as da Plaza Marqués de Aracena. E nós, não poderíamos deixar de os imitar … cañas fresquíssimas na mesa e para acompanhar, o localmente famoso presunto Jabugo e dois dedos de conversa.
E foi precisamente em conversa de esplanada, que acabámos por saber que um dos pontos altos desta vila, são as suas Grutas das Maravilhas, das quais nunca tínhamos ouvido falar! Pronto; lá se alterou a agenda e fomos à descoberta.
O nome, não poderia ser mais apropriado, pois são de facto uma verdadeira maravilha natural, com que ficámos absolutamente encantados.
Para além das efectivamente maravilhosas grutas e das suas tão agradáveis praças, Aracena conta ainda com edifícios históricos emblemáticos, sendo alguns da assinatura do arquitecto sevilhano Aníbal Gonzalez; um museu dedicado ao presunto serrano e ao porco ibérico, a cimeira Iglesia Prioral Del Castillo e ali tão perto, ao alcance de uma caminhada, a Serra de Aracena.
Afinal, esta pequena vila, revelou-se um local que merece uma visita prolongada.
📸 Rota dos Parques Naturais, Vilas e Aldeias Históricas de Espanha.
🕵️♂️ Dicas de aventureiro:
🕍 O que visitar:
Comece por desfrutar de uma das excelentes esplanadas, numa das praças mais centrais, Plaza Marqués de Aracena. Siga até ao Museu do Presunto, ou vá conhecer o antigo e agora restaurado, antigo lavadouro publico, situado em mais uma bonita praça, Plaza de La Gruta de Las Maravillas. Uma vez aí, se ainda não provou, faça uma pausa, para experimentar o óptimo presunto Jabugo. Também a poucos metros, encontram-se as famosas Grutas das Maravilhas; um ponto imperdível! Por fim, suba até ao Castelo de Aracena, passando pela sua tão emblemática Igreja.
Esta bonita povoação, tem um ritmo muito tranquilo, convidativo aos passeios. Dispõe de inúmeras casas de tapas e outros diversos restaurantes, bem como uma grande oferta hoteleira, desde os típicos alojamentos locais, aos mais modernos, tudo com uma boa relação, qualidade preço.
🛏 Onde ficar:
🏨 Alojamento » La Era de Aracena
🚍 Em autocaravana:
🅿️ » Para pernoita, qualquer local mais recatado ou ao redor, é agradável. Para maior comodidade, dispõe do Mercadona , onde pode parquear e abastecer-se.
🍲 Onde comer:
Restaurante » Tapas Jesus Carrion
🏞 ETAPA 3 – MIJAS – A Vila dos Burritos.
Distância Aracena a Mijas: 329 klmts.
Foi preciso subirmos ao mais alto das serras de Málaga para descobrirmos mais esta lindíssima aldeia branca.
Mijas (convêm ressalvar, que se deve ler Mirras …) tem muita história, mas talvez a mais identificativa, seja a dos seus burritos que, até meados dos anos 60, serviam para transportar diversas mercadorias para aquela povoação. Desde aí, que aqueles burritos, deixaram de servir aquele propósito e fazendo parte da história da Aldeia, são agora mais um dos postais ilustrativos e identificativos do local, passando a servirem de atracção turística, como burritos-táxi.
De ruas estreitas, bem floridas e de um caiado branco imaculado, o difícil mesmo, é escolher a mais bela esplanada para desfrutar bons momentos com vistas absolutamente deslumbrantes, tanto da Vila, como de um belo Pôr-do-Sol sobre o Mediterrâneo.
📸 Rota dos Parques Naturais, Vilas e Aldeias Históricas de Espanha.
🕵️♂️ Dicas de aventureiro:
🕍 O que visitar:
O estacionamento de viaturas ligeiras, é relativamente fácil. Já para autocaravanas, o melhor mesmo, é procurar um lugar à entrada da povoação. Não deixe de percorrer as ruas, num pequeno atrelado de um dos seus burritos táxi. Desfrute de uma boa esplanada e da magnifica vista, desde o miradouro. Sugiro um almoço ou jantar, num restaurante com uma esplanada soberba, com vista sobre a praça central, o El Mirlo Blanco.
🛏 Onde ficar:
🏨 Alojamento » La Casa Del Barrio
🚍 Em autocaravana:
🍲 Onde comer:
Restaurante » El Mirlo Blanco
🏞 ETAPA 4 – DESERTO DE TABERNAS – Mini Holliwood, o Farwest aqui tão perto.
Distância Mijas Tabernas: 285 klmts.
Partimos de Fuengirola que fica logo ali aos pés de Mijas, pelas 5h30 e assistimos ao nascer-do-Sol, já em pleno percurso ao longo da costa.
Como que num passo de magia, fomos de repente transportados do Mediterrâneo para um deserto americano, atravessando a famosa Route 66, mais concretamente para dentro de um filme de western ao bom sabor de um “Trinitá o cowboy insolente” ou um qualquer outro filme de Clint Eastwood.
Bem, na realidade, e desconhecido de muitos, Espanha tem um enorme deserto … Tabernas! Nós acabámos por entrar num local que se chama Mini Hollywood; sim, porque muitos famosos filmes de cowboys, afinal foram rodados aqui em vários cenários montados neste deserto, pelo facto de ter muitas semelhanças com os Estados Unidos, ficando na altura, menos dispendioso para alguns realizadores.
Desde o Can-Can a um “tiroteio”, o que vimos foi simplesmente uma verdadeira cowboyada!
Um local imperdível, tanto para graúdos, como para os mais pequenos.
Mas havia que continuar a rota e o que nos esperava foi literalmente a travessia deste deserto, com temperaturas bem perto dos 40 graus, sem qualquer sombra e ao longo de mais de 80 quilómetros …
📸 Rota dos Parques Naturais, Vilas e Aldeias Históricas de Espanha.
🕵️♂️ Dicas de aventureiro:
🕍 O que visitar:
Mini Hollywood, situa-se a cerca de 40 quilómetros da Cidade de Almería, entre Málaga e Múrcia, na região da Andaluzia, em Espanha. Para além deste antigo e reconvertido complexo cinematográfico, ali bem próximo, existe um outro idêntico, que poderá igualmente visitar; o Fort Bravo, onde pode dormir e viver integralmente uma experiência do Faroeste americano.
As instalações do Mini Hollywood, dispõe ainda de um largo estacionamento automóvel com resguardos de calor, restaurantes onde pode experimentar um jantar à Cowboy, lojas de venda de recordações, uma área recreativa em forma de Oásis, com animais e uma piscina.
Convém chegar cerca de 15 minutos antes do horário de abertura, sob risco de apanhar uma enorme fila de espera!
Para ficar um pouco mais leve na carteira, poderá levar uma mochila com bebidas (preferencialmente muito frescas, pois faz mesmo muito calor) e sandes.
Nas proximidades, pode percorrer um pouco da Route 66 . Entre por um dos muitos estradões do Deserto de Tabernas e perca-se numa excelente aventura. Destaco os pequenos Oásis, como é o caso do de Lawrance de Arábia, curiosas e singulares formações areníticas, vales e miradouros fantásticos.
A zona de Almería, está actualmente, invadida por estufas agrícolas a perder de vista. Ainda assim, permanece com alguns recantos exóticos de onde destaco o Cabo de Gata, com praias fantásticas, principalmente para os amantes de mergulho.
🛏 Onde ficar:
🏨 Alojamento » Camping Fort Bravo
🚍 Em autocaravana:
🅿️ » ASA – cabo de Gata
» Aventure-se e atreva-se a pernoitar em pleno deserto! Inesquecível
🌄 » Camping Roquetas
🍲 Onde comer:
Restaurante » Venta Del Compadre
🏞 ETAPA 5 – ALCALÁ DEL JÚCAR – As Adegas Escondidas do Rio Esmeralda.
Distância Tabernas a Alcalá: 375 klmts.
Após uma muita dura e extremamente quente travessia do Deserto de Tabernas, entrámos nos extensos e intermináveis planaltos de grande altitude de Castilla e La Mancha.
No céu, estranhamente começaram-se a formar imensas nuvens escuras e bem carregadas de relâmpagos! Num ápice, talvez motivado pelo ar super-aquecido das planícies, o vento tornou-se forte … de rajadas. Condições perfeitas para um tornado, que avistamos a formar-se; para nós, felizmente ao longe!
Apressamo-nos a nos afastar, percorrendo a estrada em busca de uma Vila histórica.
Aos poucos, foram surgindo placas com a indicação do nome da localidade e que já estaríamos a pouquíssimos quilómetros; contudo, não havia forma de a avistarmos!
De repente, no meio da planície sem fim e de uma forma impressionante, quase que do nada, surge aos poucos um estreito vale serpenteado, que se começou a alargar e a aprofundar cada vez mais … simplesmente magnífico!
Esculpida pelas águas verde esmeralda do rio Júcar, ao fundo e encosta acima, abrigada pelo Sol que já se punha, lá estava a belíssima Alcalá Del Júcar.
Caminhamos até ao início de uma bem conservada ponte romana e aqui, é impossível ficar indiferente ao arrebatamento proporcionado pelo cenário ao redor! Aos nossos pés, o rio; em frente, duas imponentes torres rochosas que no seu interior, abrigam antigas cavernas, que em tempos serviram como adegas e agora são um ponto de atração turística, sob a forma de peculiares bares com esplanadas.
Lá no alto, e depois de serpentearmos pelas ingremes ruelas, chega-se ao Castelo; que aliás, dá o seu nome à Vila, pois como em muitas outras de Espanha, Alcalá, advém do árabe al-qala, que significa a presença de um castelo.
Declarada como complexo histórico e artístico em 1982, é sem dúvida uma das povoações mais excepcionais e pitorescas deste país.
O dia e as inúmeras peripécias, já iam longos, pelo que decidimos dar descanso a nós e à Rodinhas.
E que melhor local poderia lá haver para descansar, se não à beira de um rio, numa fresca aldeia?
Amanhã, continuaremos ao longo deste rio, em busca da Vila Medieval de Cuenca.
📸 Rota dos Parques Naturais, Vilas e Aldeias Históricas de Espanha.
🕵️♂️ Dicas de aventureiro:
🕍 O que visitar:
Comece a sua visita, junto ao rio Júcar, atravesse a ponte romana que dá acesso ao centro histórico e percorra o trilho da levada de água. Suba ao Castelo e deixe-se maravilhar com as vistas panoramicas ao redor. Não pode terminar a sua visita, sem entrar na Cuevas Del Diablo … uma cosntrução escavada, aproveitando algumas grutas do rochedo, que o conduzem a um bar de uma beleza surreal. Desfrute das ventanas com o mesmo nome.
🛏 Onde ficar:
🏨 Alojamento » Hotel Pelayo
🚍 Em autocaravana:
🍲 Onde comer:
Restaurante » Cuevas de Masago
🏞 ETAPA 6 – CUENCA – A Cidade das Casas Suspensas.
Distância Alcalá a Cuenca: 137 klmts.
Como em qualquer cidade antiga, não seria surpresa que o seu centro histórico fosse aquele que mais nos iria surpreender, mas o facto é que a nossa admiração por Cuenca, não aconteceu quando o começámos a percorrer.
A nossa grande surpresa, deu-se quando nos deparámos com a visão proporcionada desde o Mirador do Barrio Del Castillo … começam-me a faltar adjectivos para classificar cada sensação vivida … mas aqui, só posso usar um … SURREAL!
A cidade antiga, parece quase suspensa na confluência de dois rios; de um lado o Júcar e do outro, o Huecar, que esculpiram estas fantásticas formações rochosas.
Daqui, contempla-se um enorme vale e o espectáculo das Casas Colgadas (Casas Suspensas) do Bairro. Um verdadeiro ícone, não só de Cuenca, mas também de Espanha. Tudo é majestoso!
Após largos momentos de admiração, abandonamos o Mirador em direcção à Muralha e Arco de Bezudo de onde, desta feita, é-nos agora possível observar um segundo e muito verde vale; este atravessado pelo rio Júcar … igualmente sublime!
Descemos em direcção à Plaza Mayor ao encontro da Catedral, e pensávamos nós, de algum rebuliço, pois estamos em Agosto!
É mais uma pequena surpresa, uma vez que os turistas são diminutos. Sentamo-nos numa esplanada, onde de forma muito amável e sem correrias, nos servem um excelente pequeno-almoço … excelente no palato e pequeno na carteira, considerando que estamos numa esplanada do centro histórico da Cidade.
Embrenhamo-nos pelas ruelas ao encontro da Ponte de San Pablo. Aqui, é então possível compreender, o porquê do nome Casas Suspensas, pois estamos mesmo por baixo das suas varandas que, verdadeiramente, desafiam a gravidade!
Atravessamos a ponte pedonal em busca de um outro espectáculo … uma das mais belas pousadas que já alguma vez vi.
No regresso, trilhamos ao longo do sopé rochoso que alicerça o bairro. Estamos de volta ao Mirador de onde partimos.
O estômago já dava sinal das horas dos almoço e lá fomos ao encontro de uma especialidade local … Zarajos, que é nada mais do que tripas de cordeiro assadas na brasa, com a particularidade de serem entrelaçadas num galho!
Decidimos percorrer as margens daquele rio, que cada vez mais nos encantava, e ver onde cada próxima curva nos levava … assim como nós gostamos; um pouco sem destino nem hora marcada.
📸 Rota dos Parques Naturais, Vilas e Aldeias Históricas de Espanha.
🕵️♂️ Dicas de aventureiro:
🕍 O que visitar:
Situada na confluência dos rios Júcar e Huecar, a zona antiga e histórica desta cidade medieval, encontra-se assente numa plataforma rochosa, entre grandes desfiladeiros. Este facto, permite de qualquer um dos seus miradouros, desfrutar de vistas panorâmicas de excelência.
Comece a sua visita pelo centro histórico e visite o Convente de Las Pretas, a Catedral e o museu de Cuenca. Por entre estreitas ruelas fantásticas, deixe-se conduzir até às Casas Suspensas … parecem realmente desafiar a gravidade! Depois, passe a ponte suspensa de San Pablo e visite o Mosteiro com o mesmo nome. Regresse ao inicio da ponte e percorra o trilho até ao miradouro de Cuenca e visite ainda as ruinas do castelo.
🛏 Onde ficar:
🏨 Alojamento »
🚍 Em autocaravana:
🅿️ » Simples estacionamento junto centro histórico e miradouro
» ASA – Excelente local de pernoita, junto ao Rio Júcar
🍲 Onde comer:
Restaurante » Restaurante La Pozada de San José
🏞 ETAPA 7 – PARQUE NATURAL DA SERRANIA DE CUENCA.
Distância Cuenca ao à Serrania: 50 klmts.
Estamos em pleno Parque Natural da Serrania de Cuenca.
Como primeira paragem, impunha-se o Mirador de Las Ventanas del Diablo com direito a apreciarmos o serpentar do rio Júcar lá bem em baixo.
Na nossa segunda paragem, talvez a maior surpresa deste parque; a Cidade Encantada de Cuenca! Uma natural composição rochosa com múltiplas formas, em que muitas delas, se assemelham a autênticas esculturas.
Há milhões de anos, todo este Parque Natural, foi coberto pelo Mar de Thetis. Um Mar de águas calmas, que no final do Cretáceo, começou a recuar, deixando um leito marinho de calcário com elevadas deposições de carbonato, cálcio e outros saís. Centenas de milhares de anos de ventos, água e gelo; acabaram por dar lugar a este encantador trabalho da natureza, onde cada visitante deve contemplar e dar largas à imaginação.
📸 Rota dos Parques Naturais, Vilas e Aldeias Históricas de Espanha.
🕵️♂️ Dicas de aventureiro:
🕍 O que visitar:
O acesso à Cidade Encantada, é pago; contudo, val muito a pena, pois as suas formações rochosas, proporcionam um espectáculo natural, inesquecível.
Dispõe de óptimos acessos e estacionamentos, tanto para veículos ligeiros como para autocaravanas.
Ao redor do Parque Natural, para além de pitorescas aldeias, existem inúmeros trilhos naturais bem assinalados e uma via ferrata absolutamente incrível, mesmo sobre o rio Júcar.
Os alojamentos e a boa comida a preços bastante razoáveis, não faltam.
🛏 Onde ficar:
🏨 Alojamento » La Cabãna del Bosque
🚍 Em autocaravana:
🅿️ » Parque de estacionamento muito tranquilo, mas sem assistência
🍲 Onde comer:
Restaurante » Restaurante Agua-Riscas
🏞 Etapa 8 – PARQUE NATURAL DO ALTO TEJO.
Distância Serrania de Cuenca à Nascente do Tejo: 39 klmts.
Continuamos na região de Castilla y La Mancha.
Após sairmos da “Cidade Encantada” e já em alta montanha, somos surpreendidos por uma placa … Tajo; … para logo de seguida vislumbrarmos um monumento que inevitavelmente nos despertou a curiosidade e a inevitável visita.
Nem queria acreditar! As rotas por estrada têm destas surpresas … estávamos perante a nascente do Rio Tejo.
Sim, o mesmo que em Lisboa me viu nascer. O mesmo que em Lisboa, se assemelha a um imenso Mar; aquele gigante que deu e dá vida à minha Cidade e a Portugal … ali … pequeno e sensível, perante nós!
Os espanhóis, numa obra da autoria de José Gonzalvo Vives, decidiram homenagear o mais extenso Rio da Península Ibérica, ali na Serra de Albarracin, a 1593 metros de altitude.
Na sua imponente e maior das estátuas, um Deus Guerreiro – O Pai Tejo; cujas suas longas barbas representam a extensão das suas águas.
As outras 3 estátuas que lhe prestam vénia; em representação das 3 províncias da sua nascente:
Um cavaleiro em representação da Província de Guadalajara;
Um cálice e uma estrela por Cuenca;
E por fim, um touro e uma estrela pela Província de Teruel.
O Tejo por aqui é completamente diferente.
Selvagem em toda a sua beleza e plenitude, esculpe o seu caminho por entre diversas imponentes cascatas, sendo possível desfrutar de vistas magníficas nos seus lindíssimos miradores.
📸 Rota dos Parques Naturais, Vilas e Aldeias Históricas de Espanha.
🕵️♂️ Dicas de aventureiro:
🕍 O que visitar:
A pouca distância (8 klmts), não deixe de visitar a Sima de Frias, uma cavidade rochosa, com bastante interesse do ponto de vista geológico e com uma bonita paisagem.
🛏 Onde ficar:
🏨 Alojamento » Pousada El Mirador
🚍 Em autocaravana:
🅿️ » Estacionamento simples – Muito tranquilo
🍲 Onde comer:
Restaurante » El Mirador
🏞 ETAPA 9 – ALBARRACIN – A Medieval Vila Vermelha.
Distância Nascente do Tejo a Albarracin: 35 klmts.
Estamos no nosso 10º dia de viagem. Rumamos até mais uma remota Aldeia Medieval, desta feita, Albarracín e as suas cimeiras e milenares casas em tons de pastel.
Situada na província de Teruel na comunidade autónoma de Arágon, está classificada como um monumento nacional de Espanha, desde 1961 e proposta a património da UNESCO.
Habitada desde a idade do ferro pelos Celtas, foi conquistada no século XI pelos Berberes do Norte de África, concretamente pela família Banu Racin, tornando-a numa “Taifa” de Al-BanuRacin – (Albarracín).
A noite aproximava-se e foi por aqui que ficámos para “recarregar baterias”.
📸 Rota dos Parques Naturais, Vilas e Aldeias Históricas de Espanha.
🕵️♂️ Dicas de aventureiro:
🕍 O que visitar:
Estacione na parte inferior da povoação, para logo ali, perceber a imponência da obra realizada com as suas antigas casas. Percorra as suas muito estreitas ruas, suba ao castelo Muçulmano e atreva-se a percorrer alguns troços da sua imponente muralha, que rodeia a povoação. Não deixe de entrar num dos seus típicos bares, para perceber o interior destes edifícios.
Visite ainda a Torre de Doña Blanca, a Plaza Mayor e a Catedral Del Salvador. Imperdível também, é o seu pequeno passadiço, onde pode fazer uma bela caminha, junto ao Rio Guadalavir.
Delicie-se com um prato de caça ou com uma truta envolta em presunto.
🛏 Onde ficar:
🏨 Alojamento » Hotel Arábia
🚍 Em autocaravana:
🅿️ » Simples estacionamento – Amplo sem assistência
🌄 » Camping Ciudad de Albarracín
🍲 Onde comer:
Restaurante » La Taberna
🏞 ETAPA 10 – SIURANA – Uma Aldeia nas Nuvens.
Distância Albarracin a Siurana: 312klmts.
Entrámos na Catalunha.
Começar por dizer que, tivemos um furo …
Sim; ao fim de 4 anos com a Rodinhas na estrada, e aqui nesta rota, ao final de 12 dias; é a primeira vez que nos acontece, mas é assim … as aventuras também têm destes percalços!
Devo dizer que não é pêra doce mudar o pneu de uma autocaravana … descarregar algumas coisas e despejar um depósito quase cheio de água limpa; tudo para aliviar o peso e assim proceder à troca do pneu.
De volta à estrada, vamos a mais um destino.
Siurana de Prades, assim designada em Catalão é uma das mais surreais e isoladas aldeias de Espanha.
Localizada perto de Tarragona, encontramo-la sobre um quase suspenso maciço calcário em forma de península e a cerca de 737 metros de altitude. Além da beleza do seu casario, oferece-nos paisagens absolutamente arrebatadoras.
É também uma espécie de meca para os amantes de escalada, sendo ainda possível, desfrutar de inúmeros e belos trilhos, como é o caso do trilho circular do Trono do Rei, o qual percorremos e que nos proporcionou um dia simplesmente bem passado, onde nos sentimos verdadeiros Reis do nosso Reino dos Sonhos.
📸 Rota dos Parques Naturais, Vilas e Aldeias Históricas de Espanha.
🕵️♂️ Dicas de aventureiro:
🕍 O que visitar:
Apesar da altitude a que se encontra ,a estrada para lhe aceder, é boa. Uma vez lá chagado, dispõe de um razoável estacionamento.
É uma pequeníssima e muito tranquila Aldeia de montanha, que merece MESMO uma visita. A visão desde um qualquer ponto da mesma, é simplesmente de cortar a respiração! Sobretudo, quando desfrutada desde o terraço de um dos seus poucos restaurantes, o La Siurana, ou ainda, do rochedo sobre o mesmo … simplesmente incrível!
Não pode perder o trilho circular, que embora requeira alguns cuidados, é de fácil acesso. Neste trilho, tem MESMO que experimentar, sentar-se no seu Trono do Rei … experimente, e verá o porquê de assim ser apelidado. Liberte a alma e como nós, pode livremente gritar a plenos pulmões sobre os desfiladeiros.
🛏 Onde ficar:
🏨 Alojamento » Hotel La Siuranella
🚍 Em autocaravana:
🌄 » Camping y Bungalow Siurana
🍲 Onde comer:
Restaurante » La Siurana
🏞 ETAPA 11 – CADAQUÉS – A Musa Inspiradora de Salvador Dali.
Distância Siurana a Cadaqués: 308 klmts.
O meu aniversário aproximava-se. Tinha em mente celebrá-lo na Vila pela qual me fascinei de imediato, ao ver somente algumas fotos! Simplesmente, sabia que algum dia … de alguma forma, teria que ir ali.
Para jantar, elegemos o restaurante O Gato Preto, propriedade de uma simpática vizinha francesa, também ela apaixonada pela Vila.
Como prenda, pedi à Sofia e ao Hugo, para assistirmos ao do nascer-do-Sol sobre a baía. E poderia lá haver melhor!
Muito do que há de mais belo e raro neste mundo, encontra-se bem escondido; Cadaqués não é excepção.
É preciso alcançar uma das zonas mais remotas da Costa Brava na Província da Catalunha, para contemplar esta pérola.
Depois de muito subir por entre curvas e contracurvas, é já lá bem no alto, que se começa a vislumbrar a linda baía e todo o branco casario da Vila que a rodeia.
Ao centro e no seu ponto mais elevado, a igreja, como se tivesse ali sido plantada, para proteger e abençoar tudo ao seu redor.
Numa meia-lua perfeita, a Vila piscatória envolve a baía num abraço de paixão.
Se Cadaqués parece erigida em homenagem ao mar; também ali, o mar parece ter-se rendido à beleza da sua Vila.
Nunca em nenhum outro lugar, senti tamanha harmonia entre pessoas e mar.
Salvador Dali, há muitos anos e ainda novo, rendeu-se de amores por este local. Percebo agora o porquê!
Para ali começou a ir de férias ou como que numa espécie de retiro espiritual e por lá acabou por fazer a sua casa (actual casa Museu Salvador Dali).
Curiosamente e numa época da corrida hoteleira desenfreada ao longo do Mediterrâneo espanhol, foi Salvador Dali o criador e impulsionador de um movimento pela defesa e preservação da Vila de Cadaqués! Até hoje, nunca ali foi construído nenhum moderno edifício, nem nada foi alterado.
📸 Rota dos Parques Naturais, Vilas e Aldeias Históricas de Espanha.
🕵️♂️ Dicas de aventureiro:
🕍 O que visitar:
Para quem tiver a possibilidade de eleger o dia 1 de Janeiro para visitar Cadaqués, poderá assistir às festividades do Sol Nascente, ao ritmo das danças Sardanas e ao sabor do chocolate quente, que é oferecido aos participantes e visitantes.
Ou no dia 20 de Janeiro, onde os habitantes sobem até à ermida de San Sebastian e pode desfrutar de um convidativo almoço ao ar-livre.
No verão, caminhe um pouco e aventure-se por entre rochedos, que escondem cristalinas baías no Parque Natural do Cabo de Creus.
Ali ao lado, em Portlligat, desfrute das oliveiras e vinhas sobre a costa e visite a casa museu de Salvador Dalí.
Pode ainda dar um pulinho a França ou à saída de Cadaqués, visitar a medieval vila de Girona.
🛏 Onde ficar:
🏨 Alojamento » Pianc
🚍 Em autocaravana:
🅿️ » Simples estacionamento – Muito tranquilo e junto à praia
🌄 » Camping Cadaqués
🍲 Onde comer:
Restaurante » El Gato Azul
🏞 ETAPA 12 – PARQUE NATURAL DO VALE DE ORDESA E MONTE PERDIDO – PIRENÉUS.
Distância Cadaqués ao Vale de Ordesa: 460 klmts.
Estamos na região autónoma de Aragão.
Confesso que quando planeei esta viagem, as pesquisas que fiz, elevaram-me as expectativas acerca de alguns locais.
Não sei se será pelo facto de ter sido esta a primeira vez que os visitámos, mas o certo é que em todos eles, ficámos absolutamente rendidos à sua beleza e características únicas.
Mas agora que percorremos esta estrada, adensam-se novas expectativas, pois para mim, a etapa que se avizinha, é de longe aquela pela qual mais ansiava! Sinto que será onde mais poderei dar largas ao aventureiro que há em mim … o meu lado de Jacques Cousteau!
Tinha definido dois objectivos: um perfeitamente exequível … percorrer toda a pradaria do Vale de Ordesa. O outro, seria uma tentativa … escalar uma das mais elevadas montanhas dos Pirenéus Centrais; o Monte Perdido, que se eleva a cerca de 3450 metros de altitude.
A temperatura desce lentamente. Ao longe, começa-se a avistar a pequena localidade de Torla e os gigantes que nos esperam.
A torre da igreja logo à entrada, parece ter sido criada, como um marco destinado a assinalar o ponto de convergência das montanhas que rodeiam a localidade. À nossa frente, o imponente maciço Mondarruego, um dos muitos pontos de onde escorre o rio Ara, aqui um pouco mais abaixo.
Vamos ao encontro do nosso acampamento base, o Camping Ara, para onde convergem alpinistas e outros amantes de natureza, sobretudo quem gosta de trilhos de alta montanha.
Estava na altura da primeira visita de reconhecimento e para isso, nada melhor do que um autocarro que parte de Torla, com o propósito de levar os turistas até à entrada da pradaria do Vale de Ordesa.
Nunca em toda a minha vida, me havia sentido tão pequeno perante um tão grandioso espectáculo da natureza, como aqui! Do meio do vale, os nossos sentidos perdem-se perante toda a sua magnificência. Ao redor, um bosque cerrado com uma fauna e flora riquíssimas. À nossa esquerda, rompem por detrás dos pinheiros, vertiginosas paredes com mais de mil metros de onde para além das muitas cascatas, parecem também querer brotar pedaços de aço. Formações rochosas sublimes, alternam as suas cores entre tons cinzentos ferrosos e um laranja, que se ilumina perante alguns raios de Sol que trespassam as nuvens rasantes dos seus picos.
À nossa direita, idêntico cenário, embora com uma cumeada, que não deverá ascender aos quinhentos metros sobre este vale.
Adensamo-nos no bosque por um dos muitos trilhos, seguindo outro rio, o Arazas. Pelo caminho, deixamos para trás a Cascata do Estreito e a Cascata da Cova.
O denso arvoredo, deu agora lugar a uma visão desimpedida sobre o vale. Ao fundo, a última cascata, a Cauda do Cavalo. Por trás dela e lá bem no alto, o primeiro vislumbre do maior dos gigantes … o Monte Perdido.
Estava concluído o nosso percurso em forma de reconhecimento e para trás, esperava-nos o caminho de um regresso de mais outras tantas duas ou três horas.
É aqui perante este extraordinário fenómeno natural, que tenho agora uma certeza … iremos precisar de recorrer a guias especializados! Amanhã, a subida ao Monte Perdido, requer outras perícias e experiência que nós não temos, pois uma coisa, é treinar na Serra da Arrábida, mas aqui não posso arriscar, sobretudo com Hugo e a Sofia. A natureza é sublime, mas pode também ocultar perigos, se for subestimada. O gigante que nos aguarda, merece todo o nosso respeito e cuidados.
📸 Rota dos Parques Naturais, Vilas e Aldeias Históricas de Espanha.
🕵️♂️ Dicas de aventureiro:
🕍 O que visitar:
Declarado como património mundial pela UNESCO em 1997, o Parque Nacional de Ordesa e Monte Perdido, é um local imperdível para os amantes da natureza. Ali poderá contemplar vales glaciares, maciços calcários, florestas de coníferas, abetos e carvalhos, e nos seus prados de altitude, alguns pastores com os seus rebanhos. Camurças, marmotas, grifos e águias-reais, são só algumas das espécies que poderá encontrar.
Comece o seu roteiro em Torla; uma muito antiga e pequena localidade dos Pirenéus, que proporciona aos visitantes, todas as comodidades necessárias, com vários alojamentos hoteleiros, restauração, postos de informações, bem como dois parques de campismo.
Estacione a sua viatura e desfrute dos autocarros colocados à disposição dos turistas. Salvo raras excepções, o parque encontra-se aberto todo o ano. Adeque o seu calçado e roupa, consoante a época, a qual a minha preferência, vai para entre a Primavera e o Outono. Leve sempre água, barritas energéticas e um indispensável mapa que pode obter num posto de turismo.
Existem inúmeras actividades de natureza disponíveis, tais como: o rafting, canoagem, BTT, espeleologia, observação de aves e, para os mais radicais, a escalada.
Para além do Vale de Ordesa, pode trilhar por mais três: o de Pineta, o Canhão de Añisclo, e as Gargantas de Escuaín.
Sejam quais forem os trilhos que escolha, como pontos imperdíveis, considero: a cascata de Cotatuero, os circos glaciares de Sallarons e Soaso, os Barrancos de la Mirona, e de Lapazosa, a senda dos caçadores, a cascata cauda de cavalo e o mirador Calcillaruego.
🛏 Onde ficar:
🏨 Alojamento » Silken Ordesa
🚍 Em autocaravana:
🅿️ » Simples estacionamento – Amplo e tranquilo
🌄 » Camping Rio Ara
🍲 Onde comer:
Restaurante » El Duende
🏞 ETAPA 13 – MONTE PERDIDO – A Grande Escalada.
São 05H30, quando nos encontramos na entrada do parque de campismo com os restantes elementos do grupo e com o nosso guia de montanha, o Javi.
Havíamos estado ontem no escritório dos Guias de Torla e foi em conversa com o responsável, que percebemos o quão efectivamente por ali, aquelas montanhas são respeitadas e que uma escalada, não pode nunca ser levada de animo leve! Não só pela geografia do local, mas também porque numa escalada de alta montanha, as condições atmosféricas, podem mudar de um momento para o outro.
Quando o Alan viu o Hugo e depois de saber que ele só tem 11 anos, ficou surpreendido; explicou-nos que a sua primeira grande escalada, também havia sido feita com o seu Pai, precisamente ao Monte Perdido e quando ele tinha, apenas sete anos. Olhou para o Hugo e com um sorriso, disse-lhe … “ … és corajoso. Se chegares lá acima, serás a segunda criança dessa idade a fazê-lo, pois eu fui o primeiro … “.
Explicou-nos que iriamos integrados num grupo de mais quatro pessoas e tinha escolhido o Javi como guia, pois era o mais experiente de todos e simultaneamente, aquele que mais teria capacidade para motivar uma criança a concretizar o seu objectivo.
Efectivamente, e logo após o termos conhecido, simpatizámos com ele, sobretudo pelo facto de ter começado de imediato a brincar com o Hugo.
Já estamos a mais de dois mil metros de altitude. Depois de um longo percurso nocturno com nevoeiro serrado ao longo do planalto, surge-nos o crepúsculo, e com ele, começamos a vislumbrar o Vale de Ordesa. Cá do alto, a visão é simplesmente de cortar a respiração.
A imponência do local é indescritível!
O nosso trilho, é feito agora pela beira de um precipício vertical de respeito. Para além de algumas rochas soltas, também é preciso ter um cuidado adicional com o facto de estarem ainda escorregadias pelo orvalho da manhã e pelos inúmeros cursos de água, que escorrem dos degelos. Sempre que as altas nuvens se abrem um pouco, é-nos possível contemplar os gigantes que nos rodeiam, alguns, cobertos por glaciares que nunca degelam.
Já antes e por diversas vezes, que havíamos feito escaladas e trilhos em várias serras, mas nunca nada semelhante a isto!
O grupo está animado e o Hugo então … está ao rubro. É sem dúvida a admiração de todos e agora a inspiração, pois o cansaço, parece começar a instalar-se e é olhando para ele e para toda a sua animação e energia, que recuperamos forças. De quando em vez, cenários que parecem surreais a esta altitude; avistamos pastores com os seus rebanhos e de forma impressionante, algumas águias que surpreendentemente, voam mais baixas que a altura onde nos encontramos!
Fazemos pequenas pausas, onde aproveitamos para tirar algumas impressões e falarmos um pouco sobre as experiências pessoais de cada um, nestas andanças.
Para trás, ficou o refúgio de Goriz, na alta pradaria e estamos já a cerca de 2800 metros de altitude. Seguimos pela Faja Roxa, que efectivamente o é, não só de nome, mas na sua coloração. À nossa esquerda, o gigante Cilindro de Marboré, à nossa direita o Añisclo e em frente, o maior dos três … o Monte Perdido, que teimava em não nos deixar ver o seu pico! Entramos na zona dos glaciares suspensos e literalmente por baixo de inúmeras cascatas; o caminho é agora mais uma vez, feito à força de braços.
Ao final de 18 anos, podia dizer que já nada me surpreende na determinação e força da Sofia, mas não … ela vai agora na frente e lança mãos às correntes, começando a sua escalada, e eu … bem … estou simplesmente maravilhado em ver esta mulher d’armas … a minha Sofia … a minha aventureira!
O oxigénio, começa agora a ser mais rarefeito, o que aumenta exponencialmente o cansaço. O ritmo quebra um pouco não só por esse facto, mas também porque a subida é cada vez mais acentuada. Um cume após outro, ficamos sempre na expectativa de que no próximo, já se consiga avistar o pico dos picos … mas isso teima em não acontecer.
Chegamos aos 3000 metros, ao lago gelado de Marboré e fazemos uma nova pausa.
Ontem e sem o Hugo saber, eu e a Sofia conversámos bastante sobre isto. Analisámos todas as possibilidades e apesar de ser uma vontade do Hugo, chegar aos 3400 metros no pico da montanha, o certo é que, se iria ser difícil e algo arriscado para nós, seria muito mais para uma criança! Combinámos então, que subiríamos os três até ao ponto minimamente acessível, ou seja; este lago onde nos encontramos agora. Depois reavaliaríamos toda a situação e consoante o cansaço e as condições climatéricas, decidiríamos se aguardávamos aqui no lago, enquanto o restante do grupo terminava a ascensão final, uma vez que, e conforme constato agora, ficaríamos permanentemente em linha de vista com o guia.
Chamamos o Hugo e colocamos a questão … ele sem hesitar, responde-me: “ … Pai, já chegámos até aqui, certo? Agora só paramos no cimo. Vamos todos. Não fica ninguém para trás, nem desistimos. E viemos aqui para deixar uma lembrança para o mano, lá no cimo … embora lá“.
Olho para ele enquanto começa a caminhar ao lado do Javi e arrepio-me; olho para a Sofia … tento ocultar, mas não consigo, as lágrimas escorrem-me impulsionadas num misto entre perplexidade e receio, mas acima de tudo, um orgulho enorme. Pela primeira vez, o ciclo da vida, seguindo o seu rumo natural, alterou-se. Era agora o nosso filhote que puxava por nós!
Estamos no início de La Escupidera, perante a última e a mais íngreme das etapas. Faltam uns 400 metros e visto assim, pode até parecer pouco, mas aqui, com tanta gravilha solta nesta altura do ano, por cada dois ou três passos que damos a subir, escorregamos um no sentido contrário.
O caminho é agora feito literalmente de gatas e eu e Sofia, já estamos no limite das nossas forças, porém, o facto de sabermos que o Hugo, apesar de estar igualmente exausto, não desiste; dá-nos a força e determinação que falta. Isso, conciliado com o facto de finalmente o nosso grande objectivo estar já mesmo ali … mais 10 ou 15 metros finais.
Chagamos ao topo.
A exaustão é indescritível, mas é completamente superada por todo o entusiasmo sentido.
Desde muito jovem que sempre senti um enorme fascínio por grandes montanhas … assim como uma espécie de chamamento da natureza, que me queria transportar até aos locais mais elevados e desafiar-me. A espiritualidade destes locais é inegável; não o sei explicar, mas há qualquer coisa de místico nestes locais tão grandiosos, onde nos sentimos tão pequenos!
Estamos praticamente sobre a linha fronteiriça com a França. Deslumbrados, olhamos ao redor. Lá muito em baixo, os diversos vales glaciares e ao redor, uma infindável cordilheira montanhosa de onde sobressaem os picos do Cilindro de Marboré, do Añisclo, do Aneto e o Vignemale.
Finalmente sentamo-nos para o merecido repouso e para algo que havíamos prometido a alguém muito especial … deixar a minha pulseira na pequena estatueta de dragão que assinala o cume desta montanha.
–
Dedicatória desta escalada:
Dedicada aos meus filhos Rúben Graça, Ricardo Graça, Hugo Graça e à minha Sofia.
A ti Ricardo, em tua memória filhote … aqui, neste local, foi o mais perto que consegui estar de ti … perto do céu, com os pés assentes na terra. Subimos alto, mas nunca tão alto ao ponto do enorme ser humano que tu foste. Obrigado por me relembrares o que é viver.
A ti Hugo; hoje subiste menino e voltaste Homem. Talvez um dia possas ler estas palavras e talvez eu e a Mãe já não estejamos cá, mas ao lê-las, recorda-te deste momento e nunca te rendas perante nada na vida, como o fizeste neste dia … em silêncio só para ti, ou se preciso for, grita a plenos pulmões: “ … era apenas um menino, quando subi ao topo do Monte Perdido. Eu estive lá com o meu Pai e com a minha Mãe …”.
📸 Rota dos Parques Naturais, Vilas e Aldeias Históricas de Espanha.
🕵️♂️ Dicas de aventureiro:
🗻 Grau de dificuldade: Alto/Elevado.
(não aconselhável a pessoas com síndrome vertiginosa)
🔄 Tipo de percurso: Linear.
⏱ Tempo de percurso de ida:
(Média, mediante época do ano, condições climatéricas e condição física. Aconselho que ponderem a possibilidade de dividir em dois dias)
1ª etapa: Padrera de Ordesa ao refúgio de Goriz – Entre 4 a 6 horas.
2ª etapa: Refúgio de Goriz ao topo do Monte Perdido – Entre 3 a 4 horas.
↔ Distância total de ida e volta: 25 a 30 quilómetros.
🎒 Equipamento:
Caso não seja experiente em escalada e montanhismo (ALTA MONTANHA), aconselho a que se faça acompanhar de guias especializados, certificados e autorizados.
Faça inserido num grupo, pois é muito mais motivador e obtém-se sempre, espírito de entreajuda.
🚶♂️ Como ir:
🧗♀️ Guias de montanha » Guias de Torla
🛏 Onde ficar:
🏨 Alojamento » Silken Ordesa
🚍 Em autocaravana:
🅿️ » Simples estacionamento – Amplo e tranquilo
🌄 » Camping Rio Ara
🍲 Onde comer:
Restaurante » El Duende
🏞 ETAPA 14 – VILA MEDIEVAL DE OLITE – Um Passeio pela História de Espanha.
Distância Vale de Ordesa a Olite: 169 klmts.
Entrar em Olite, é como entrar por um portal encantado, que nos transporta directamente para a época dos cavaleiros medievais e simultaneamente, ao longo da história de Espanha.
Esta singular Vila da comunidade de Navarra, é um misto dos estilos romano, gótico, barroco e renascentista, como são disso exemplo, algumas das suas casas abrasonadas, ruas repletas de seculares arcadas, palácios, palacetes e muralhas.
O seu maior destaque, recai sobre o Palácio Real, que já foi considerado um dos mais belos da Europa.
Construído durante o reinado de Carlos III, também conhecido por O Nobre, é actualmente um dos símbolos que melhor representam o antigo Reino de Navarra. O seu actual aspecto majestoso, é o resultado de sucessivas reconstruções ao longo de vários séculos.
Foi neste Palácio acastelado, que faleceram a Rainha Leonor e o Rei Carlos III em 1415. Mais tarde e aquando da visita de outros monarcas à localidade, passou a servir como residência.
Depois da invasão do Reino de Navarra pelos castelhanos no século XVI, acabou votado ao abandono. O consequente processo de deterioração, culminou com um incêndio, durante a Guerra de Independência Espanhola, que terá sido ordenado, com receio de que as tropas francesas, dele se apoderassem.
No início do século XX, foi sujeito a profundas obras de restauro, acabando por ser declarado como Monumento Nacional, em 1925.
📸 Rota dos Parques Naturais, Vilas e Aldeias Históricas de Espanha.
🕵️♂️ Dicas de aventureiro:
🕍 O que visitar:
Deixe-se encantar com esta vila medieval e as suas tipicas ruelas, repletas de arcadas centenárias e de edificios de estilo gótico. A visita ao Palácio Real, é ímperdivel!
Sendo uma zona de grandes vinhos, não deixe de vistar uma das suas muitas adegas ao redor.
🛏 Onde ficar:
🏨 Alojamento » El Juglar
🚍 Em autocaravana:
🍲 Onde comer:
Restaurante » Casa Tomas Assador
🏞 ETAPA 15 – FRIAS E TOBERA.
Distância Olite a Frias: 185 klmts.
Deixámos a Vila Medieval de Olite para trás e vamos agora a caminho do Principado Das Astúrias, mas havia mais uma pequena povoação, que parecia merecer uma visita!
Depois de percorrermos um extenso planalto e já dentro da comunidade autónoma de Castilla y Leon, foi preciso subirmos bem alto, para logo de seguida, descermos para o belo Vale de Obaline, esculpido pelo rio Molinar.
A estrada vai estreitando, levando-nos por entre rochedos, que parecem desafiar a gravidade. Passamos pela pequena povoação de Tobera, que nos presenteou com uma magnífica cascata.
Continuando viagem e porque a hora do jantar já se aproximava, bastaram cinco a seis quilómetros para começarmos finalmente a visualizar o Pueblo de Frias.
Inicialmente designada por Águas Fridas, esta pequena povoação, terá aparecido citada pela primeira vez, no século IX, como uma das primeiras que surgiram após a ocupação da zona mais alta do Rio Ebro.
Mesmo antes de se iniciar a caminhada da subida para o centro da Vila, é impossível ficar indiferente à muito estreita e altíssima Torre do Castelo dos Duques e às suas casas suspensas!
Uma Vila muito acolhedora de ruas estreitas e casario centenário, onde as esplanadas da praça central, nos convidaram a jantar.
📸 Rota dos Parques Naturais, Vilas e Aldeias Históricas de Espanha.
🕵️♂️ Dicas de aventureiro:
🕍 O que visitar:
Estacione um pouco antes da localidade de Tobera e vá até ao Mirador Del Molinar, seguidamente, desça um pouco mais e aprecie a cascata. Siga o trilho e mais abaixo, encontra a Igreja de San Vicent Martir.
Volte à estrada e siga então para Frias. Aqui, aconselho a que estacione a viatura na parte inferior, junto ao parque de estacionamento de autocaravanas e suba ao centro histórico. Destaco ainda como pontos de interesse, a Ponte Medieval, as Igrejas de San Vitores, a Românica, e a Ermida de Nossa Senhora de Hoz.
🛏 Onde ficar:
🏨 Alojamento » Casa Rural la Poza de la Torca
🚍 Em autocaravana:
🅿️ » ASA Frias
🍲 Onde comer:
Restaurante » Bar-Restaurante Ortiz
🏞 ETAPA 16 – LAS ARENAS DE CABRALES.
Distância Frias a Cabrales: 194 klmts.
Estamos no Principado das Astúrias, concretamente em Las Arenas de Cabrales.
Esta pequena povoação, é uma das principias entradas para os Picos da Europa e de todo o conjunto do seu Parque Natural.
Quem por aqui passa, não pode deixar de experimentar os seus tão famosos e premiados, queijos. A visita à emblemática Cueva de Lo Queso de Cabrales, é assim imprescindível, para os amantes da gastronomia … como eu!
As Astúrias, é uma região onde se elaboram cerca de quarenta variedades de queijos, estando algumas delas, protegidas com Denominação de Origem Controlada.
E claro está! Eu com a minha mania de experimentar e vivenciar tudo o que faz parte de cada localidade, fui de imediato à procura dos típicos queijos e da famosa Sidra Real!
Infelizmente, acabei por pedir indicações a um rato que nos queria enganar – “oh Pai, sinceramente! Estavas à espera do quê?! É um rato! …“.
Entramos numa Tienda Asturiana e conversa puxa conversa, acabo por conhecer o proprietário, o simpático senhor Vicente Gonzalo.
Então não é que o senhor Vicente, apesar de Asturiano, conhece e muito bem a casa Matos Fortuna e a nossa região da Quinta do Anjo em Palmela!
Efectivamente o mundo é assim; pequeno e grandioso.
Para acabar este final de tarde, nada como – finalmente – experimentar uma Sidra; a qual, deve mesmo ser bebida, muitíssimo fresca, ou caso contrário, arrisca-se a se assemelhar a vinagre!
Reservámos 3 dias para percorrer uma boa parte do Principado e amanhã, esperam-nos mais descobertas.
📸 Rota dos Parques Naturais, Vilas e Aldeias Históricas de Espanha.
🕵️♂️ Dicas de aventureiro:
🕍 O que visitar:
Arenas de Cabrales, é uma povoação muito pequena de aspecto limpo e seguro. Embora plantada entre montanhas, é toda ela bastante plana, pelo que o melhor, é estacionar num dos grandes parques de estacionamento e percorrer a pé.
O comércio é abundante, sobretudo não faltam lojas tradicionais, para quem quer levar uma recordação das Astúrias.
Alojamento, boa comida e bom vinho a preços bastante razoáveis, não faltam.
🛏 Onde ficar:
🏨 Alojamento » Apartamentos El Caxigu
🚍 Em autocaravana:
🍲 Onde comer:
Restaurante » Restaurante Sideraria La Jueya
🏞 ETAPA 17 – BULNES – A mais Isolada Aldeia de Espanha.
Partimos em autocarro da localidade de Cabrales até Poncebos, com o intuito de descobrirmos esta remota povoação! Ao contrário dos inúmeros trilhos de montanha que já fizemos, optamos por algo diferente …
Bulnes, célebre pelo seu isolamento, manteve-se até 2001 como uma das mais remotas e isoladas aldeias de Espanha, tendo então nesse ano, lugar à inauguração do Funicular com o mesmo nome.
Numa obra de engenharia absolutamente fantástica, foi rompido na rocha, um túnel, no qual uma via única, permite a subida e descida de 2 pequeníssimos comboios.
Com uma distância de mais de 2000 metros, uma inclinação de cerca de vinte por cento e durante uns bons 20 minutos, o funicular eleva-se até à aldeia de Bulnes, situada a 625 metros de altitude.
Actualmente e para além das pessoas, são transportados no funicular, animais, tractores, bens e outros materiais para as gentes da pequena povoação. Algo que antes da sua inauguração, só era possível, através de um trilho de pastores.
Esta lindíssima Aldeia é dividida entre Bulnes de Abajo e Bulnes de Arriba, sendo permanentemente habitada, somente por pouco mais de vinte pessoas.
📸 Rota dos Parques Naturais, Vilas e Aldeias Históricas de Espanha.
🕵️♂️ Dicas de aventureiro:
🕍 O que visitar:
Deixe a sua viatura estacionada em Arenas de Cabrales e apanhe um cómodo e barato autocarro, até à entrada do Funicular.
Se optar por ficar em Bulnes, aconselho a reserva e estadia, numa das suas casas rurais, onde é garantida uma tranquilidade e paz de espírito absolutamente indescritíveis.
Não deixe de subir a Bulnes de Arriba. Sente-se na esplanada do único e pequeno café, desfrutando de uma vista de cortar a respiração.
Para os amantes da natureza, aconselho a que façam o percurso de volta, pelo antigo trilho dos pastores, ou em opção, voltem a descer no funicular e aventurem-se ao longo do trilho da Ruta del Cares. Uma experiência inesquecível!
🛏 Onde ficar:
🏨 Alojamento » La Casa Del Chiflón
🍲 Onde comer:
Restaurante » La Casa Del Chiflón
🏞 ETAPA 18 – COVADONGA – O Início de um Reino.
Distância Las Arenas a Covadonga: 32 klmts.
No nosso terceiro dia nas Astúrias, decidimo-nos por estacionar mais uma vez a Rodinhas e empreendermos viagem de autocarro. Sem saber, escolhemos a opção mais acertada, visto que para onde nos dirigimos, o acesso não é permitido a viaturas particulares, ficando reservado para uns muito confortáveis autocarros dos quais destaco o elevado profissionalismo dos seus motoristas numa viagem somente assemelhada a uma espécie de safari de montanha.
Estamos a caminho dos lagos glaciares de Ercina e Enol.
Numa estrada de curvas muito sinuosas, começamos a nossa ascensão com direito a pelo caminho, além da deslumbrante paisagem; um desfilar de vacas, cabras e ovelhas!
Muitos destes animais, passeiam-se na estrada, ficando absolutamente indiferentes aos autocarros. São inúmeras as vezes, que temos que parar, à espera que bovinos e caprinos, se decidissem a nos deixar seguir viagem. O mais insólito, é vê-los a esfregarem-se nos pneus dos autocarros, enquanto outros se mantêm deitados!
Já quase no topo, trocamos os autocarros por carrinhas de tração às 4 rodas para alcançarmos a última etapa. Estamos no lago de Ercina e o espectáculo, não poderia ser melhor! Para além de uma visão arrebatadora sobre estes lagos, existe um infindável número de pachorrentas vacas a pastar, quase indiferentes aos turistas que, como nós, tentam captar imagens ao seu lado.
O local é convidativo a passeios e à interpretação da natureza envolvente, existindo inclusivamente um centro didáctico.
Num trilho circular de cerca de 2 quilómetros, é possível visitar as minas museu a céu aberto e descobrir também o lago Enol.
Situados a mais de 1130 metros e com uma vista fascinante sobre as Astúrias, os lagos de Covadonga, são uma visita obrigatória!
Mas ainda havia por descobrir mais um ex-líbris desta etapa; desta vez, a origem de uma personalidade sobre a qual eu já ouvia falado, mas pouco conhecimento tinha.
Descemos até Covadonga ao encontro de Pelayo!
Estando toda a Península Ibérica e o sul de França sob o domínio do Império Muçulmano; foi Pelayo, um nobre Visigodo, que no ano cristão de 718, empreendeu o início de uma batalha contra Munuza, na altura, governador do califado das Astúrias.
Pelayo venceu esta primeira batalha, mas acabou por mais tarde, vir a ser preso pelos muçulmanos. Após se conseguir evadir do seu cárcere, refugiou-se nos montes da sua terra natal.
Em 722, já com algumas das suas tropas Asturianas reunidas, e em grande inferioridade numérica, deu início a nova batalha, derrotando e acabando por matar Munuza nas montanhas de Covadonga, terminando com apenas 10 soldados!
Foi então coroado Rei do Reino das Astúrias, como Dom Pelayo.
E foi aqui em Covadonga, mais propriamente na gruta do Monte Auseva, que foi erguida uma pequena capela de onde brota água, que dizem ser abençoada. Mais tarde e em forma de homenagem ao histórico local, momento e figura, foi ainda erguido um mosteiro e uma estátua ao nobre guerreiro, filho natural de Cangas de Onis – Astúrias.
Daqui partiu o movimento de revolta e conquista dos 8 reinos independentes de Hispânia, entre os quais, Portucale.
As Astúrias estiveram sob o domínio muçulmano, durante apenas sete anos, tornando-se assim num Reino independente e o primeiro da Península, durante vários séculos!
Gentes duras e resistentes, estas das serras …
Na minha humilde interpretação, Pelayo foi de certa forma, o primeiro Rei da Península Ibérica e o primeiro Rei de Espanha.
📸 Rota dos Parques Naturais, Vilas e Aldeias Históricas de Espanha.
🕵️♂️ Dicas de aventureiro:
🕍 O que visitar:
Estacione a sua viatura num dos muitos parques, colocados à disposição dos turistas. Apanhe um confortável autocarro, com bilhetes muito acessíveis, que pode adquirir em qualquer quiosque, junto aos estacionamentos. A viagem aos Lagos Glaciares a mais de 2000 metros de altitude, é absolutamente surpreendente. No regresso, saia no centro histórico de Covadonga e realize algumas tradições; tais como, beber água das sete fontes sagradas, visitar a Capela, o Mosteiro com o seu mármore cor-de-rosa e a estátua de Pelayo.
Por último, dê um pulo até Cangas de Onis e aprecie uma Sidra, a qual poderá ser acompanhada de uma boa Fabada … assim uma espécie de feijoada à transmontana das Astúrias!
🛏 Onde ficar:
🏨 Alojamento » Hotel Rural El Rincon de Dom Pelayo
🚍 Em autocaravana:
🅿️ » Parque de Estacionamento Autocaravanas
🌄 » Camping Covadonga e Canas de Onis
🍲 Onde comer:
Restaurante » Vega Redonda
🏞 ETAPA 19 – A CORUÑA – A Torre de Hércules e a História de uma Heroica Mulher.
Distância Covadonga a A Coruña: 355klmts.
Depois de sairmos do território das Astúrias e continuando ao redor circundar a Península Ibérica, dirigimo-nos ao ponto extremo noroeste a um local assinalado com um monumento, verdadeiramente singular … a Torre de Hércules!
Declarado como Património da Humanidade desde 2009, esta imponente torre com 68 metros de altura, é actualmente, o único farol de construção Romana e o mais antigo em funcionamento do mundo.
Reza a lenda, que Hércules terá ali desembarcado e terá sido também naquele local, que enterrou a cabeça do gigante Gireon, depois de o vencer num duro combate. Estar na presença de um monumento como este, é testemunhar a história, como também a força, o engenho e arte do ser humano.
Mas a nossa visita a A Coruña, é também motivada por uma outra curiosidade, que me foi despertada por um Amigo.
Contou-me que a origem dos seus antepassados, estava intrinsecamente ligada àquela cidade do Norte de Espanha, mais concretamente, à origem do apelido Pita. Como quem tem boca vai a Roma, fomos à procura da ligação deste apelido, àquela Cidade.
A surpresa, é que não foi nada difícil! Afinal, o apelido Pita, não só por aqui é bastante conhecido, como é historicamente homenageado, muito em concreto, sobre uma personagem feminina … Maria Pita.
Na realidade, Mayor Fernández de Cámara Pita.
Maria Pita, tal como muitas mulheres da Corunha, que genuinamente, são conhecidas por mulheres de armas, foi uma de muitas, que levavam mantimentos aos homens, que defendiam ferozmente junto aos muros da cidade, as tentativas de invasão por parte da frota da armada inglesa.
Reza a história, que depois daquele que foi o primeiro marido de Maria Pita, ser morto pelos ingleses; a valente heroína, terá ela própria matado, um oficial da frota britânica, que comandava as suas tropas. Perante os soldados espanhóis já desgastados pelo cerco, e com a derrota quase iminente, terá então pegado na bandeira inglesa sobre a sua cabeça e bradando a plenos pulmões, começou a pedir para que os homens e mulheres espanhóis, não se rendessem e continuassem a lutar ferozmente!
De facto, os soldados espanhóis ganharam novo alento ao ver a imagem daquela figura feminina a lutar de forma tão brava, que em pouco tempo, conseguiram derrotar a frota inglesa e recuperar a sua cidade.
📸 Rota dos Parques Naturais, Vilas e Aldeias Históricas de Espanha.
🕵️♂️ Dicas de aventureiro:
🕍 O que visitar:
Opte por estacionar junto à Marina da Cidade. Para quem se encontrar em viagem em autocaravana, este local, possui infraestruturas de excelência.
É muito próximo do centro histórico, sendo relativamente fácil os percursos a pé e muito agradáveis, pois são junto à costa.
Não deixe de visitar a Torre de Hércules, à qual pode subir e desfrutar de vistas magnificas, sobre o mar e a cidade. Ao lado e um pouco mais abaixo, uma enorme Rosa dos Ventos. Ao redor desta península, é possível também, apreciar outros monumentos, tais como, um conjunto de emblemáticos menires.
Um pouco mais para o interior, existem diversos jardins, museus e a Praça Maria Pita com a estátua desta heroína.
A Coruña, é uma Cidade costeira, localizada no noroeste de Espanha e sede de Conselho da Galiza. Sendo banhada pelas águas do Atlântico, possui boas praias e inúmeros restaurantes com excelentes menus de pescado.
🛏 Onde ficar:
🏨 Alojamento » Hotel Centro Histórico
🚍 Em autocaravana:
🅿️ » ASA – A Coruña
🍲 Onde comer:
Restaurante » Terreo
🏞 ETAPA 20 – ILHAS CÍES – Um Pedaço de Paraíso na Terra.
Distância Coruña a Vigo: 158 klmts.
Estamos em pleno mês de Agosto e como não podia deixar de ser, tinha que fazer a vontade à família de também termos um pouco de praia, pois até agora, ao longo desta já longa rota e para além de alguns, meros mergulhos em lagos, só estivemos na praia de Cadaqués.
Assim, decidimos vir à descoberta de umas paradisíacas praias, inseridas em mais um Parque Natural; as Ilhas Ciés.
Estas duas pequenas ilhas, encontram-se situadas na costa noroeste de Espanha, em pleno Oceano Atlântico, tendo sido declaradas como área protegida, em 1980 e inseridas na rede do Parque Nacional Marítimo-Terrestre das Ilhas Atlânticas da Galiza.
Mesmo antes de iniciarmos esta aventura que nos trouxe até aqui, havia efectuado a reserva antecipada, pois para visitar estas ilhas, é necessário solicitar autorização, à Junta da Galiza. Uma vez obtida a autorização, é que se podem dar os passos seguintes: Compra dos bilhetes do Ferry e pedido de reserva para quem queira permanecer no Parque de Campismo.
São oito da manhã e aguardamos ansiosamente a chegada do Ferry. Entretanto, alguns funcionários, foram-nos distribuindo folhetos informativos sobre a fauna e a flora das ilhas e também, sacos, para que cada visitante, possa trazer de volta o lixo que fizer durante a visita.
À medida que nos aproximamos, é fácil perceber todo o rigor e exigente cuidado, para com a protecção deste local … um pequeno paraíso na terra!
Por momentos, esquecemos que estamos tão a norte. Deste lado, virado para Vigo, as praias protegidas pelo seu conjunto montanhoso, formam baías de águas calmas, quentes e cristalinas.
Percorremos o passadiço em direcção ao Parque de Campismo e a natureza, continua a dar espetáculo. Aqui, curiosamente, o destaque vai para a sua população de gaivotas!
Aliás, terá sido, não só pelas suas gaivotas, mas por todas as restantes aves, que estas ilhas foram declaradas como área protegida, pois são um ponto de paragem, durante o seu longo voo, na rota migratória Europa – África.
Tenda montada, e nada como mergulhar nestas águas! Escolhemos a Praia de Bólos.
Após o almoço, damos início à nossa incursão pela ilha menor, até um dos seus pontos mais altos; o farol. Ao longo do percurso, uma mescla de aromas entre a maresia, o predominante Tojo, Pinheiros, Eucaliptos e Silveiras.
Junto ao farol, para além de curiosas e abismais formações rochosas, a visão a todo o redor, é arrebatadora!
Estamos no nosso segundo dia. Depois de um pequeno-almoço, com direito a Sol nascente, vamos trilho fora, em busca desta ilha maior, desta vez, até à pequena Praia das Figueiras.
Como num ápice, o Sol precipitou-se sobre o horizonte desta sublime praia … agora, difícil mesmo, é perceber que se aproxima a hora da partida deste pequeno pedaço de paraíso na terra.
📸 Rota dos Parques Naturais, Vilas e Aldeias Históricas de Espanha.
🕵️♂️ Dicas de aventureiro:
🕍 O que visitar:
As Ilhas Cíes, só se encontram acessíveis ao turismo, entre os meses de Março a Setembro.
Para visitar as Ilhas Ciés, tem obrigatoriamente que solicitar autorização à Junta da Galiza. Contudo, actualmente, e quando faz a reserva antecipada dos bilhetes do Ferry, são emitidos JÁ COM A RESPECTIVA AUTORIZAÇÃO. Ainda assim, deixo o linck em baixo para eventual contacto com a Junta da Galiza.
Também tem que efectuar a pré-reserva para estadia no Parque de Campismo; é de todo conveniente, fazer as reservas com bastante antecedência, pois as visitas às ilhas, são limitadas, sobretudo, nos meses de maior afluência.
Ao longo do dia, existem ligações de manhã, hora de almoço e final de tarde. Os Ferrys, não transportam viaturas, nem tão pouco existem estradas ou circulação automóvel nas ilhas.
Para além do Parque de Campismo com todas as infraestruturas de apoio, existem mais 2 restaurantes.
Este Parque Natural, para além da biodiversidade e das suas praias paradisíacas, conta ainda com outros pontos de interesse, tais como as antigas ruínas, faróis de costa, pontos de observação de aves e miradouros.
🖨 JUNTA DA GALIZA » Autorização de visitas
⛴ RESERVAR FERRY » Mar de Ons
🛏 Onde ficar:
🏨 Alojamento » Camping Cies
🍲 Onde comer:
Restaurante » Restaurante Camping
🏞 ESTRADA FORA – A Última Etapa.
Mesmo eu que fiz imensas pesquisas para programar esta viagem – e confesso que pensava também já conhecer Espanha de uma ponta a outra – estou absolutamente surpreendido e rendido à sua grandeza e beleza!
Podia dizer que estou cansado, pois já se passou quase um mês, desde que iniciámos esta grande aventura! Mas a realidade é que não estou. Muito pelo contrário; faço o que mais gosto … conduzir estrada fora, pelos caminhos menos percorridos, onde dou largas à minha alma de aventureiro. E o melhor, é que estou a presentear quem mais amo, com momentos que ficarão para sempre nas nossas memórias.
Embarcámos nesta aventura, à descoberta do que a estrada tivesse para nos oferecer … sem obedecer a nenhum rígido itinerário ou horários … bem como nós gostamos, pois nestas andanças por essa Europa fora, houve uma lição que aprendi: é que a estrada é para se desfrutar em toda a sua envolvência e há que absorver cada cenário de cores, sons e fragrâncias. Como se estivéssemos sentados numa singular sala de cinema, a contemplar mágicos cenários, nos quais somos, simultaneamente, os principais protagonistas.
Nem sempre é fácil a gestão familiar durante tantos dias, num espaço tão diminuto, como uma autocaravana! Tratar das roupas, fazer camas, fazer comer, fazer compras …
Mas ao mesmo tempo, tem inúmeras vantagens. Além de obviamente, ser uma forma de fazer umas férias muito mais baratas, pois estivemos sempre – em pleno mês de Agosto – longe dos grandes aglomerados e de preços, quase sempre exorbitantes; durante 30 dias, 24 sobre 24 horas por dia, estivemos mais do que nunca e efectivamente, ligados só a nós … sem distrações ou sem nos isolarmos, o que por vezes, até nas nossas casas pode acontecer, quando cada um, procura o seu canto, o seu telemóvel ou o seu televisor! No interior desta Rodinhas, houve sempre espaço para nos escutarmos … mesmo nos silêncios.
Para trás, ficaram momentos que tiveram tanto de simples, como de memoráveis, com uma sensação de absoluta liberdade.
Absorvemos a cultura e as tradições de cada região …
E os grandes momentos onde nos sentimos tão pequenos, como perante a majestosa natureza. Percorremos Vales Glaciares, escalámos as mais altas montanhas, atravessámos um deserto, descobrimos Aldeias, quase perdidas no tempo, banhámo-nos em rios, praias e lagos que nunca imaginámos!
Esta, foi sem dúvida, uma viagem inesquecível.
Fica o registo final de algumas fotos e um pequeno resumo em vídeo.
📸 Rota dos Parques Naturais, Vilas e Aldeias Históricas de Espanha.
Duração aproximada de 6 mnts.
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Para as entidades públicas ou privadas, teremos todo o gosto em avaliar a sua proposta e de forma isenta, criar e promover um conteúdo original.
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