Estamos na região autónoma de Aragão.
Confesso que quando planeei esta viagem, as pesquisas que fiz, elevaram-me as expectativas acerca de alguns locais.
Não sei se será pelo facto de ter sido esta a primeira vez que os visitámos, mas o certo é que em todos eles, ficámos absolutamente rendidos à sua beleza e características únicas.
Mas agora que percorremos esta estrada, adensam-se novas expectativas, pois para mim, a etapa que se avizinha, é de longe aquela pela qual mais ansiava! Sinto que será onde mais poderei dar largas ao aventureiro que há em mim … o meu lado de Jacques Cousteau!
Tinha definido dois objectivos: um perfeitamente exequível … percorrer toda a pradaria do Vale de Ordesa. O outro, seria uma tentativa … escalar uma das mais elevadas montanhas dos Pirenéus Centrais; o Monte Perdido, que se eleva a cerca de 3450 metros de altitude.
A temperatura desce lentamente. Ao longe, começa-se a avistar a pequena localidade de Torla e os gigantes que nos esperam.
A torre da igreja logo à entrada, parece ter sido criada, como um marco destinado a assinalar o ponto de convergência das montanhas que rodeiam a localidade. À nossa frente, o imponente maciço Mondarruego, um dos muitos pontos de onde escorre o rio Ara, aqui um pouco mais abaixo.
Vamos ao encontro do nosso acampamento base, o Camping Ara, para onde convergem alpinistas e outros amantes de natureza, sobretudo quem gosta de trilhos de alta montanha.
Estava na altura da primeira visita de reconhecimento e para isso, nada melhor do que um autocarro que parte de Torla, com o propósito de levar os turistas até à entrada da pradaria do Vale de Ordesa.
Nunca em toda a minha vida, me havia sentido tão pequeno perante um tão grandioso espectáculo da natureza, como aqui! Do meio do vale, os nossos sentidos perdem-se perante toda a sua magnificência. Ao redor, um bosque cerrado com uma fauna e flora riquíssimas. À nossa esquerda, rompem por detrás dos pinheiros, vertiginosas paredes com mais de mil metros de onde para além das muitas cascatas, parecem também querer brotar pedaços de aço. Formações rochosas sublimes, alternam as suas cores entre tons cinzentos ferrosos e um laranja, que se ilumina perante alguns raios de Sol que trespassam as nuvens rasantes dos seus picos.
À nossa direita, idêntico cenário, embora com uma cumeada, que não deverá ascender aos quinhentos metros sobre este vale.
Adensamo-nos no bosque por um dos muitos trilhos, seguindo outro rio, o Arazas. Pelo caminho, deixamos para trás a Cascata do Estreito e a Cascata da Cova.
O denso arvoredo, deu agora lugar a uma visão desimpedida sobre o vale. Ao fundo, a última cascata, a Cauda do Cavalo. Por trás dela e lá bem no alto, o primeiro vislumbre do maior dos gigantes … o Monte Perdido.
Estava concluído o nosso percurso em forma de reconhecimento e para trás, esperava-nos o caminho de um regresso de mais outras tantas duas ou três horas.
É aqui perante este extraordinário fenómeno natural, que tenho agora uma certeza … iremos precisar de recorrer a guias especializados! Amanhã, a subida ao Monte Perdido, requer outras perícias e experiência que nós não temos, pois uma coisa, é treinar na Serra da Arrábida, mas aqui não posso arriscar, sobretudo com Hugo e a Sofia. A natureza é sublime, mas pode também ocultar perigos, se for subestimada. O gigante que nos aguarda, merece todo o nosso respeito e cuidados.
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Declarado como património mundial pela UNESCO em 1997, o Parque Nacional de Ordesa e Monte Perdido, é um local imperdível para os amantes da natureza. Ali poderá contemplar vales glaciares, maciços calcários, florestas de coníferas, abetos e carvalhos, e nos seus prados de altitude, alguns pastores com os seus rebanhos. Camurças, marmotas, grifos e águias-reais, são só algumas das espécies que poderá encontrar.
Comece o seu roteiro em Torla; uma muito antiga e pequena localidade dos Pirenéus, que proporciona aos visitantes, todas as comodidades necessárias, com vários alojamentos hoteleiros, restauração, postos de informações, bem como dois parques de campismo.
Estacione a sua viatura e desfrute dos autocarros colocados à disposição dos turistas. Salvo raras excepções, o parque encontra-se aberto todo o ano. Adeqúe o seu calçado e roupa, consoante a época, a qual a minha preferência, vai para entre a Primavera e o Outono. Leve sempre água, barritas energéticas e um indispensável mapa que pode obter num posto de turismo.
Existem inúmeras actividades de natureza disponíveis, tais como: o rafting, canoagem, BTT, espeleologia, observação de aves e, para os mais radicais, a escalada.
Para além do Vale de Ordesa, pode trilhar por mais três: o de Pineta, o Canhão de Añisclo, e as Gargantas de Escuaín.
Sejam quais forem os trilhos que escolha, como pontos imperdíveis, considero: a cascata de Cotatuero, os circos glaciares de Sallarons e Soaso, os Barrancos de la Mirona, e de Lapazosa, a senda dos caçadores, a cascata cauda de cavalo e o mirador Calcillaruego.
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Esta crónica, faz parte de um Roteiro de Viagem, o qual poderá ler na íntegra, aqui:
»» Espanha – Rota dos Parques Naturais, Vilas e Aldeias Históricas.